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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Breves Entrevistas com Homens Hediondos


Seguindo dica de Anna Arantes, domingo à noite eu e o namorado fomos ao Teatro de Arena, participar de uma peça de teatro. Ainda que a participação da platéia não tenha sido tão ativa, eu considerei essa peça uma experiência, foi como estar dentro do texto, por isso o participar.

Infelizmente para quem se interessar, foi a última apresentação.

Trata-se de um livro de David Foster Wallace, de contos, adaptado ao teatro. Não sei se o roteiro é do próprio Grupo de Teatro Sarcáustico, que realizou a performance, mas se é, estão de duplo parabéns.
Foi um programa um tanto insólito para uma noite chuvosa de domingo, devo dizer.

A peça, assim como (presumo) o texto de Wallace, é pesada, de difícil digestão, provocativa, instigante, emocionante. A perfomance dos atores foi magnífica. Eles deram o tom certo ao texto, o que posso dizer mesmo sem ter lido. Imagino que tenha sido muito difícil adaptar o texto. Eles conseguiram trazer o texto ao teatro, pois durante toda a apresentação eu consegui ler o texto. Pode parecer estranho, mas foi assim que eu senti, como se eles fossem meros narradores e o que estava ali, à minha frente, fosse o livro, fosse o texto, fosse o próprio autor.

Houve momentos em que a peça foi quase um balé, uma dança em que se mostra o que há dentro do ser humano. Mesmo no horror há beleza.

Eu não conheço nenhum dos atores, então acho que posso expressar uma opinião realmente isenta. Fazia tempo que eu não ia ao teatro, e fazia tempo que não via uma peça tão original e tão tocante.

terça-feira, 22 de março de 2011

♥♥ Casamento x União Estável ♥♥


Ontem tive aula de direito de família na pós. Não é uma aula como a da graduação, mas sim uma aula específica voltada para o foco da pós: registros públicos.
Ficamos debatendo as enormes desvantagens da União Estável face o Casamento.
As pessoas acham lindo ficarem fazendo essas "declarações de união estável" para colocar o namorado/a como dependente no plano de saúde ou para usarem o mesmo clube no final de semana, sem pensar nas implicações que isso pode trazer depois.
União Estável é fato. Acontece. Não precisa de declaração.
No entanto, a sociedade inventou essa coisa de "declaração", porque é preciso estabelecer algum tipo de segurança jurídica para as relações.
Se a lei (no caso, o Código Civil) quisesse que casamento e união estável fossem a mesma coisa, teria eliminado o casamento, o que não aconteceu.
A diferença já começa na definição que o Código Civil dá às situações:

CASAMENTO
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
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          UNIÃO ESTÁVEL
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

Vejam, primeiro, que, ao contrário do casamento, para que o FATO união estável exista, não é necessário morar na mesma casa. Tampouco é necessário ter filhos. Basta a convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida com o objetivo de constituir família. Não precisa, sequer, haver fidelidade.
Quem vai dizer se esses requisitos (convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida com o objetivo de constituir família) estão presentes será o juiz.
A "declaração de união estável" é, como diz o nome, mera declaração. A validade jurídica dela é muito frágil, o que permite intermináveis discussões via processo judicial quando as pessoas brigam e vai cada um para um lado.
Além disso, a União Estável não apresenta a menor proteção ao patrimônio comum, tampouco ao patrimônio individual.

Enquanto o Código Civil estabelece que:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
Quem está em união estável não tem essa proteção. Logo, o seu/sua companheiro/a pode fazer o que bem entender quando os bens estiverem só no nome dele/dela. A União Estável não é pública como o casamento, ela não está registrada na matrícula do imóvel que você quer comprar ou vender.
Se o marido/mulher vende um imóvel do casal sem autorização do outro cônjuge, esse negócio pode ser anulado.
Se o companheiro/companheira vende um imóvel do casal sem autorização do outro companheiro/a, só resta ao prejudicado correr atrás do prejuízo processando sua "cara-metade", não há a menor possibilidade de anular o negócio.
Além disso, enquanto no Casamento a data de início da relação fica demarcada, valendo, a partir dali, o regime de bens escolhido, não havendo como debater se esse ou aquele bem foi adquirido com dinheiro de um ou de outro (a partir do casamento); na União Estável a pessoa pode conseguir provar por testemunhas que a relação tinha iniciado antes da tal "declaração" e assim levar patrimônio que uma das partes adquiriu sem a contribuição da outra.
Eu não sou contra a união estável. As pessoas vivem como querem. Mas juridicamente é um instituto que só causa dor de cabeça na hora em que a coisa deixa de ser "meu bem" para ser "seus bens pra lá, os meus pra cá". Tudo, eu disse tudo (início da união, divisão dos bens, pega que o filho é teu, pensão alimentícia pro cachorro de estimação) é discutível.
Já no casamento, a coisa é diferente. As pessoas casadas, sob qualquer regime, têm maior proteção patrimonial e menos espaço para delongar um processo de separação com discussões a respeito de patrimônio (as discussões emocionais, bom, essas podem levar anos, mas o divórcio sai bem rapidinho hoje em dia).
O regime patrimonial legal (automático, se você não escolher outro) é o da comunhão parcial. Em termos simples, casar sob esse regime significa que tudo o que cada um adquiriu antes do casamento continua sendo de cada um, e o que for adquirido durante o casamento, será "fifty-fifty" (dividido igualmente entre os dois). Não interessa no nome de quem está, tampouco de onde saiu o dinheiro.
Para a União Estável, se as pessoas não fizerem um contrato quanto aos bens (ou seja: não basta apenas fazer a tal declaração, é necessário estabelecer um contrato patrimonial para ter algum mínimo de segurança), também vale o regime da comunhão parcial. E o problema é, justamente, fixar a data de início da união estável para fins patrimoniais. É aí que a porca torce o rabo e as pessoas praticamente se matam em salas de audiência Brasil afora.
No casamento, quem decide casar por outro regime que não o legal (comunhão parcial), tem que fazer um pacto antenupcial, que é uma escritura pública. Nesse pacto, quem vai casar não precisa escolher um regime específico, pode fazer um pacto de regime misto, que seja de acordo com a vontade do casal, estabelecendo critérios para divisão patrimonial dos bens, inclusive aqueles adquiridos antes do casamento. Esse pacto é indiscutível, ao contrário dos tais "contratos de união estável". Por isso é importante procurar um bom advogado antes de fazer o pacto. Funciona como nos filmes norte-americanos, em que o casal define tudo antes de casar.
Não quero dizer que num divórcio litigioso (aquele que é feito na Justiça), as partes não possam discutir sobre o que combinaram antes. No entanto, o casamento estabelece datas e obrigações que não podem ser mudadas, e o juiz deve decidir de acordo com o que foi pactuado. Já na União Estável, a coisa fica a critério do juiz, de acordo com as provas que as partes trouxerem... a dor de cabeça é quase certa nesses casos, fora que dá muito mais espaço para lavação de roupa suja e discussões inúteis.
Falando um pouco do aspecto psicológico, vou cair num grande clichê: morar junto não é casar. Realmente não é. A gente só entende o que significa o casamento, quando casa. A pessoa passa a encarar o relacionamento com muito mais seriedade. Pergunte pra qualquer casal que tenha passado por isso.
As pessoas fazem "declarações de união estável" querendo "oficializar" seus relacionamentos. Mas essa declaração, que é particular, não oficializa nada. O Casamento é público. A União Estável não é. Perante a sociedade, aquele casal pode continuar sendo visto como um casal de namorados.
O amor é lindo e tal, as pessoas falam que "não precisamos de um pedaço de papel" e, no entanto, precisam. Vide o número absurdo dessas declarações que pipocam por aí. Pensar em questões patrimoniais não é ofensivo: é razoável e adulto pensar na possibilidade de que talvez aquele relacionamento não seja para sempre e que definir critérios quanto aos bens adquiridos é uma maneira adulta e civilizada de se relacionar, e demonstra respeito pelo outro.
O amor pode ser uma caixinha de surpresas mas, em termos patrimoniais, o casamento não é. Deixa tudo bem definido, enquanto a união estável deixa espaço para infinitas discussões. 
Como amiga e advogada, eu sempre aconselho: case! E faça uma festa linda e me convide!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Post 5 de fevereiro - Sobre cisnes e a ausência do querer

Meu dia hoje foi longo. Por isso escrevo esse post tão tarde.
Hoje fiz muitas coisas sob um sol escaldante.
Saímos para almoçar na Lancheria do Parque, tradicional "point" Portoalegrense, porque o namorado queria comer lá.
Eu confesso que prefiro o lugar no inverno. No verão é muito cheio, muito quente, e bastante sujo.
Mas a comida estava boa e dali fomos atrás de um brique, porque eu queria ver coisas para a minha nova casa, como louças e talheres, que tenho praticamente nenhum.
A tal loja estava fechada, mas caminhamos no sol em busca de apartamentos para alugar.
Sim, estou me mudando, mas ainda não encontrei um novo lugar para morar.
Depois disso acabamos rumando a um shopping center, porque o calor realmente estava exagerado.
Lá, encontramos uma amiga e fomos buscar refúgio no cinema, e escolhemos o filme do momento: Cisne Negro (Black Swan).
Confesso que o filme não me impactou tanto quanto eu pensei.Todos estão falando tanto sobre o filme, e sobre a performance da Natalie Portman, que eu esperava mais. Bem mais.
Depois do filme, fomos "jantar" no McDonald's, onde o atendimento é cada vez pior.
Demos tchau pra nossa amiga e fomos encarar um supermercado, em busca de víveres para comer amanhã. No supermercado, encontrei uma conhecida e o marido, com o bebezinho deles. Um fofinho, super simpático, riu muito pra mim.
Agora estou aqui, passando a limpo o dia de hoje.
Black Swan não foi tudo aquilo que eu esperava, mas foi o bastante para eu pensar em certas coisas.
Perfeccionismo, superação, libertação... esses são alguns dos temas do filme. Mas não só isso, o filme também fala sobre alcançar o que se quer.
Nina, a personagem de Natalie Portman queria muito ser a bailarina principal. Era para isso que ela se esforçava.
E eu? Esforço-me pelo quê?
Nisso estou pensando agora.
Se, por um lado, para ela atingir o que ela queria, ela teve de virar, praticamente, outra pessoa; por outro, ela conseguiu uma espécie de liberdade. Ainda assim, parece-me, não valeu a pena. Do meu ponto de vista. Quem já viu o filme talvez entenda o meu raciocínio.
Mas estou pensando nisso: será que eu me transformaria em outra pessoa pelo que quero? Será que eu seria capaz de me entregar por completo a um desejo?
Pelo visto, eu não sou capaz de nada disso. Meu perfeccionismo esbarra em minha preguiça. Minha dedicação esbarra na minha falta de desejo.
Eu quero ser mãe. Mas eu sempre coloco empecilhos a esse desejo.
Eu quero morar em outro país. Continuo aqui. Por quê?
O que será necessário a alguém obter as coisas que quer? Perder-se em si mesmo? Assassinar o lado bonzinho do caráter e assumir aquele lado negro e praticamente incontrolável?
Será que disciplina cega e obstinação sem medidas são o caminho? 
Ou será que estou exagerando e ainda não alcancei as coisas que digo querer porque, no fundo, não as quero tanto assim?
Hoje foi apenas um sábado. Eu não fiz nada de heróico, de diferente, ou de desafiador. E, no entanto, estou aqui: pensando. No que eu quero pra mim, pelos próximos 30 anos. Graças a um cisne perturbado.
Talvez eu esteja enganada. Talvez o filme tenha me impactado mais do que eu esperava.
Mas estou apenas divagando.

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Texto que eu escrevi para o Projeto 3Meia5. Só que mandei ele na madrugada, agorinha. Será que vai ser publicado? Não sei, mas espiem o projeto lá. É muito legal.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Não é triste?

Quando as pessoas saem repetindo coisas sem saber de onde elas vieram?

"I'm selfish, impatient and a little insecure. I make mistakes, I am out of control and at times hard to handle. But if you can't handle me at my worst, then you sure as hell don't deserve me at my best." 
 Marilyn Monroe

terça-feira, 29 de junho de 2010

Antropológico


Sim, que os seres humanos são mesmo ridículos isso eu já sei. Mas tem coisas que chegam a extremos. Claro que, analisando friamente, pode-se entender perfeitamente porque religiões (todas elas) são atrativas. E algumas em especial, para alguns em especial.
Hoje fui num centro de umbanda. Vou provavelmente ofender algum praticamente mas... por favor! Veja, não estou defendendo nenhuma outra religião. Pelo contrário. Para mim, toda religião é sinônimo de ignorância e escravidão. E Deus não tem nada que ver com isso, que fique bem claro. Mas todo aquele lance de incorporar e ficar fumando sem parar?? Carece? Acho que não. Por outro lado, foi muito bom, porque depois que tu te liberta desses misticismos, tu vês como os "truques" são sempre os mesmos, independentemente da religião do pregador. Depois, é um barato uma religião onde tu pode cantar, dançar, fumar e beber, não é mesmo? Tomei um "passe" e fugi correndo.
Sinceramente, tem gente que tem anos de estudo e mesmo assim é ignorante e eu fico pasma. Assim como fiquei pasma porque saí na hora do jogo do Brasil-sil-sil e estava tudo fechado! Assim a economia prospera, né? Assim o país vai pra frente! (pra frente Brasil!!!!) E para aqueles que dizem que quem está descontente deve ir embora, eu digo que ainda não fui porque ainda não deu. Mas assim que possível, irei com muito prazer.
Hasta la vista, Baby!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

The new druggies


Quem me conhece, sabe o quanto eu condeno remédios. Não tomo pra quase nada, nem pra dor. Me chamem do que quiserem, não gosto de coisas que não resolvem o problema, só minimizam. E tenho muitas (pra não dizer todas) restrições contra psicoterápicos. Penso que esse tipo de medicamento só deve ser usado por quem tem um diagnóstico de doença mental (depressão incluída nessa), e não só porque a pessoa está ansiosa, ou passando por um momento difícil, deve ficar lançando mão desse tipo de coisa.
Ansiedade causa problemas físicos, eu sei. Tristeza, também. No entanto, eu acho que a sociedade banaliza demais o uso desse tipo de medicamento (fluoxetina e afins), e muita gente que podia muito bem fazer um esforcinho para se resolver através de uma vida mais saudável (alimentação melhor, exercício físico e terapia), acaba se atirando nas "pílulas da felicidade".
Não acho que essas pílulas curem "ódio no coração".
Hoje, meu ginecologista me disse que estou muito ansiosa e devo tomar remédios pra isso. Acho que vou fazer tai-chi-chuan, sinceramente.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Comida para pensamento


"Toda vez que tentei me adequar à realidade fui extremamente infeliz. Você começa a pensar nas dificuldades, em tudo que pode dar errado... É a sabedoria dos medíocres. A segurança, o bom senso. Você não pode ousar, tentar fazer diferente. Quando você depende do reconhecimento alheio é uma merda. Você não pode simplesmente existir, a sociedade é que tem que dizer que você merece existir e ser feliz. E é nisso aí que os medíocres dominam, porque eles são a maioria. Então, isso aqui virou o Império da Mediocridade. Bom é ser igual, bom é ser ruim. É por isso que rapidamente o sujeito tem que ser capaz de desenvolver um certo cinismo pra poder sobreviver. O cinismo é como uma vacina. Na vacina, a pessoa é infectada por um vírus inócuo pra desenvolver a imunidade contra o vírus de verdade. O cinismo é assim: você fica meio acanalhado pra poder não adoecer no contato com a canalhice. O sujeito chega aos 30 anos e já é um amargurado, pelo simples fato de ser brasileiro. Porque ele vive numa realidade que é antibiótica, massacrante". (os grifos são meus)

Chupado daqui.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Africano - JMG Le Clézio


Então que eu tinha lido umas 5 páginas do Disgrace, do Coetzee, e daí peguei o I-Ching, o Livro das Mutações, e li um dos prefácios e daí passei para História do Pranto, do Alan Pauls e daí que peguei o Livro das Perguntas, do Neruda e aí que comecei a ler O Africano, de Le Clézio, e resolvi ir até o final. Livro fino, pungente, com fotos de época. Livro sobre a África antes de ela ser a África que eu conheci na infância pela tv (Apartheid, Somália e por aí vai) e antes de ser a África que é hoje: aids, pobreza extrema, guerras civis, maldades grotescas e muitas vezes inimagináveis e muita ganância explorando um povo que já nasce explorado.
Uma África de liberdade e descoberta. Uma África de natureza e beleza. Uma África de agricultores e ignorância que protege e traz felicidade.
Embora seja curta a narrativa, traz todo um sentimento de aventura, de explorar o desconhecido, e de como a vida acaba por tornar as pessoas duras. No caso, o pai do Autor. É quase um romance autobiográfico, mas centrado na pessoa do pai do Autor e nos anos em que viveu no continente africano. Vale pela parte histórica, e também pela descrição de sentimentos e sensações que o Autor passa.
Aliás, uma só frase vale por todo o livro: "Era tarde demais, não se recupera o tempo, nem sequer em sonhos".

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Teoria da Relatividade



E aí, que dizem disso?
É um fenômeno sazonal: o calor começa a chegar, os dias começam a ficar mais longos, e então eu vejo todas as mulheres ao meu redor em histeria coletiva. "Estou de dieta" é a frase do momento. Vejo isso em todos os lugares. Ontem, enquanto percorria praticamente todas as lojas do Shopping Total com uma amiga, vendo as roupinhas de "piriguetti" que povoam as vitrinas daquele aglomerado de lojinhas, ouvi em várias a seguinte frase: "até o verão vai entrar", ou "até o verão vou estar sequinha", e por aí vai...
Porque o que importa é tentar chegar nesse ideal de beleza do size 8 (ou 36), e a saúde que vá ao diabo. Para quê ser saudável quando se pode ser magra, né?? Eu já acho que o ideal masculino é o meu ideal, e é o tamanho que eu uso: 40.
Tamanho 44 pode ser a média nacional nos EUA, e acho que talvez no Brasil, não sei, mas daí já acho demais.
O ideal é ter saúde mesmo. Se as pessoas (em especial as mulheres) se preocupassem em ser saudáveis e por isso melhorar a alimentação... mas não, fazem dietas de fome, tomam remédios... só se detonam.
Li que o novo padrão de beleza é a Madonna... gente, a mulher tá com 49 quilos, esquálida, pelamordedeus!! Não sei onde aquilo é beleza. Ela só fica bonita com trinta horas de photoshop em cima das fotos, maquiagens caríssimas e roupas ainda mais caras. De perto deve ser um susto. Foi-se o tempo em que La Ciccone era bela. Gostosa e bochechudinha. A sombrancelha e o cabelo melhoraram, o resto, eu já não tenho tanta certeza.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O vermelho e o... vermelho.


Vermelho é a cor que marca a vida de Dexter, o psicopata camarada.
Está na abertura do seriado, na cor da pele e dos cabelos ruivos, na origem de toda trama.
Fazia tempo que eu queria escrever sobre esse seriado, que me deixa com um profundo sentimento de confusão. Como simpatizar e ao mesmo tempo repudiar a mesma pessoa? Se, por um lado, ele é um assassino frio (tenho minhas dúvidas) que faz coisas terríveis, por outro, ele é um cara beeem legal, trata a namorada e os filhos dela super bem, tem um ótimo relacionamento com quase todos os colegas, é adorado pela irmã adotiva, é super educado e charmoso e, ainda por cima, mata com "código de honra".
Já assisti quase toda primeira temporada e fico pensando onde essa personagem vai parar, porque me parece que, inevitavelmente, ele chegará a um "dead end", um beco sem saída, onde, ou ele vai finalmente transformar-se num ser "normal", ou será pego. Porque ele ficar matando assim pro resto da vida vai ser, no mínimo, totalmente sem graça e a série vai ter que terminar, anyway.
O interessante da série é, em princípio, a inexistência do conflito moral na personagem. Ele tenta sobreviver dentro do mundo "normal", mas não sente como uma pessoa normal. Aliás, ele afirma não sentir nada. No entanto, ele busca a normalidade e vive dentro de um sistema moral, ainda que isso tenha sido incutido. E isso é que é realmente misterioso: afinal de contas, ele segue o sistema moral do pai adotivo por quê?
Conforme a trama vai se desenvolvendo, o conflito interno começa a surgir. Um dos melhores episódios, na minha opinião, é aquele em que a vítima é um psiquiatra. Depois desse episódio a coisa vai culminar num tremendo conflito moral, talvez o primeiro pelo qual Dexter vai passar. O que é esse conflito moral? É pesar interesses. Mais, na verdade, embora ele não admita, eu vejo que a personagem pesa sentimentos. Esses, que ele alega não possuir. E isso é o que vai aproximando Dexter da tão almejada normalidade, embora eu não consiga prever realmente onde isso vai parar.
Há uma outra personagem ainda mais interessante, pena que mal explorada. Não vou falar a respeito pra não tirar a graça de quem ainda não viu.
Dos últimos tempos, essa é, com certeza, uma das melhores séries enlatadas, mistura drama, comédia, ação, e, claro, investigações policiais, o que sempre atrai o público. 

domingo, 20 de abril de 2008

A maldade humana


Não, eu não vou falar da menina jogada pela janela. Isso é um horror e eu apenas espero que os culpados sejam efetivamente punidos.
Mas estava eu navegando e me deparei com essa notícia. As pessoas devem achar isso engraçado, suponho eu. Num mundo em que as pessoas, mesmo as pobres, estão ficando cada vez mais gordas e a obesidade já está sendo chamada de epidemia, um gato gordo parece algo engraçado, não?
Não. Eu não acho. Eu sinceramente acho que é maldade o dono do gato, no caso, a dona, deixar o bichinho comer tanto. Na matéria consta que ele come 3 vezes mais que um gato "normal". Ora, se o dono pode controlar o quanto o bichinho come, porque não o faz?? Isso pra mim é maldade, já que a obesidade em animais é tão grave quanto a obesidade em seres humanos e traz diversas implicações, como diabete, que farão o animalzinho sofrer.
Uma das gatas da minha mãe foi sacrificada há umas duas semanas. Ela era enorme de gorda, minha mãe, além de deixar a ração sempre disponível, ainda dava pão com geléia e comida para o bicho. Quando eu dizia que ela só deveria comer ração, eu era má: "pobrezinha, mas ela gosta de pão com geléia", dizia ela, como se eu fosse uma torturadora medieval por querer que o bicho comesse certo. Em dois meses, a gata secou por causa da diabete, estava tão fraca que não conseguia nem beber água, embora sentisse muita sede. No fim, minha mãe resolveu sacrificar. Eu não falo mais no assunto. Ela chorava e dizia que a gata não queria morrer. Também acho. E não queria ser obesa, mas ela deixou. E isso pra mim é maldade, sim.

sábado, 19 de abril de 2008

We versus 1984



Num futuro que não sabemos se é distante ou não, num mundo de vidro e aço, no Um Estado regido pelo Grande Benfeitor, onde todos se vestem de branco e a invidualidade é uma coisa rechaçada, praticamente inconcebível, encontramos D-503, que nos narra uma sombria história de amor vivida num mundo onde liberdade é sinônimo de caos e horror.
We, escrito pelo russo Yevgeny Zamiatin entre 1920 e 1921, permanece uma história atual com sua mensagem de esperança e como alerta para os horrores de ditaduras e governos totalitários.
No começo, as semelhanças são muitas com 1984, livro escrito pelo inglês George Orwell em 1948. O mundo futurístico, onde a privacidade é inexistente e tudo é controlado pelo governo, centralizado numa figura quase mítica (em We, o Grande Benfeitor; em 1984, o Grande Irmão), tudo isso é comum a esses livros. No entanto, em We, ao contrário do que há em 1984 (onde a personagem podia consumir álcool - um gim descrito como viscoso que sempre me previniu de experimentar gim na minha vida) e o Admirável Mundo Novo, onde as pessoas consumiam a soma, uma espécie de droga que deixava todos calmos e "felizes" (prozac ring a bell?), a população somente pode recorrer ao sexo como válcula de escape e, mesmo assim, mediante os "cupons rosa", que permitem o fechar de cortinas e a relação sexual, com controle do estado.
O mundo descrito por D-503 em We é iluminado pela luz do sol. O clima é controlado e nunca há chuva ou tempestades. Imaginei o Um Estado quase como Atlântida, a cidade dentro de uma redoma de vidro. Há um muro (the green wall) que separa a civilização "perfeita" da natureza, dos animais, de tudo o que é selvagem. As crianças, apesar de geradas e paridas pelas mulheres, são propriedade do Estado. Assim, se uma mulher engravidar sem autorização, deve ter a criança e morrer. Mas claro, no início do livro, é totalmente impensável que alguém faça alguma coisa sem autorização.
D-503 é um matemático do Estado que está construindo o Integral, uma nave espacial, e que inicia um diário a fim de enviar um relato sobre sua civilização perfeita aos seres de outros mundos.
Em 1984 temos Winston Smith funcionário do Ministério da Verdade, cuja função é reescrever e alterar dados de acordo com o interesse do Partido. Winston questiona a opressão que o Partido exercia nos cidadãos. Se alguém pensasse diferente, cometia crimidéia (crime de idéia em novilíngua) e fatalmente seria capturado pela Polícia do Pensamento e era vaporizado. Desaparecia. Em WE temos a Máquina do Benfeitor, que é também chamada de câmara de gás.
Enquanto em 1984, Winston critica o regime; em WE, D-503 é fervoroso defensor do Um Estado e da vida "feliz" que ele leva. Quando ele começa a questionar as coisas, passa a viver em conflito interno, acha que está doente, pois desenvolveu uma "alma".
1984 inicia sua história após a Terceira Guerra Mundial, enquanto WE começa após a Guerra dos 200 anos. Em We temos o Dia da Unanimidade, enquanto em 1984 temos os Dois Minutos de Ódio, momentos criados para que a população preste homenagens a seu governante uno e à vida no regime de "felicidade".
Eu não quero entrar em detalhes para não estragar a história, mas o que eu concluí foi que, apesar das muitas semelhanças entre WE e 1984, 1984 é um livro muito mais sombrio, que passa uma sensação de opressão muito maior do que WE. Creio que George Orwell, com quase toda a certeza, inspirou-se em WE para escrever 1984, mas ele conseguiu ir além e redigiu uma obra prima.
WE me lembrou muito o filme THX1138, primeiro filme escrito e dirigido por George Lucas, em 1971, com um Robert Duvall bem novinho.
Alguns trechos de We para atiçar a curiosidade (publicarei o resto depois):
"Eu devo ser inteiramente franco: mesmo NÓS ainda não encontramos um solução absoluta e precisa para o problema da felicidade. Duas vezes por dia, das 16 às 17 horas, e das 21 às 22 horas, o organismo único e inteligente que formamos se separa em unidades celulares, essas são as Horas Pessoais designadas pela Tabela. Nessas horas você verá persianas baixas, alguns estarão andando pela avenida, e ainda outros, como eu, estarão em suas mesas. Mas eu confio que - e você poderá chamar-me de idealista e sonhador - eu confio que mais cedo ou mais tarde NÓS conseguiremos incluir essas Horas Pessoais na fórmula geral. Um dia esses 86.400 segundos também constarão de nossa Tabela de Horas".
"Bom, deixe-me contar sobre o Dia da Unanimidade, esse maravilhoso feriado. Eu sempre amei este dia, desde minha infância. Parece-me que para NÓS esse dia tem o mesmo significado da 'Páscoa' dos antigos. Eu me lembro que, na véspera deste dia eu preparava uma espécie de calendário de horas, apenas para ir riscando-as: uma hora mais perto, menos uma hora para esperar... Se eu tivesse certeza que ninguém veria, honestamente, eu carregaria este calendário até hoje, contando quantas horas faltam para que chegue amanhã, quando eu verei - mesmo que à distância...
Amanhã verei o espetáculo que é repetido ano a ano, e mesmo assim é sempre novo, fresco como a brisa da manhã: o mágico cálice da harmonia, os braços erguidos em reverência. Amanhã é o dia da eleição anual do Benfeitor. Amanhã NÓS colocaremos de novo nas mãos do Benfeitor as chaves da impenetrável fortaleza de nossa felicidade.
Naturalmente, este dia nada tem a ver com desordem e a desorganização das eleições dos antigos, quando - que coisa absurda! - o resultado das eleições não era sabido com antecedência. Construir um Estado sobre eventualidades imprevisíveis, cegamente - o que poderia fazer menos sentido? E, mesmo assim, parece que levou séculos até que os homens compreendessem isso".
"There is no final revolution. Revolutions are infinite".

domingo, 16 de março de 2008

Nothing tastes as good as thin feels...


Achei essa frase algo... deveras incrível, não? Eu amoooooooooooo comer. Achava que essa história de blogs e sites "pro-Ana" e "pro-Mia" eram balela. E sem querer acabei descobrindo vários, graças a uma pessoa que me adicionou no twitter. E fiquei espantada com tantos blogs de meninas que propagam anorexia ou bulimia como "um jeito de viver"... Como se fosse certo, normal... aceitável. Eu sinceramente não sei o que pensar. É difícil entender porquê essas meninas se odeiam tanto. Porque isso é ódio, só pode ser ódio, um sentimento monstruoso que essas meninas dirigem contra si mesmas.

Hoje resolvi dar uma espiadinha no Post Secret e achei esse segredo aí de cima. E pior é que, de tanto querer esclarecer as pessoas sobre o assunto, acho que no fim alguns programas de tv e matérias de revista acabam é incitando pessoas à doença. Quase como matérias sobre maneiras de cometer suicídio... na dúvida, para alguém que já cultiva a idéia, deve ser bem útil, não?

Mas enfim, todas as mulheres que eu conheço têm atucanação quanto ao próprio peso. Nada muito exagerado, mas todas, sem exceção, estão sempre comentando sobre "ganhar" ou "perder" peso. E o que eu sempre achei sobre tudo isso é que eu raramente vejo alguém preocupado em se alimentar melhor e ter mais saúde. É sempre uma preocupação puramente estética.

Então é interessante que a mídia está constantemente nos bombardeando com reportagens sobre alimentação, saúde, etc... mas o que realmente contamina é sempre a coisa ruim: não quero ser gorda porque quero ser bonita. Ser bonita é ser magra. E não "ser bonita é ser saudável e feliz". Foda-se a felicidade, o que importa mesmo é ser magra a qualquer custo e entrar na calça 36 (38 é calça de gente gorda, tá?).

País do paradoxo o nosso... a mulherada acha a Gisele Bündchen linda, e a homarada gosta mesmo é da mulher melancia... ô mundinho cão.

sábado, 15 de março de 2008

A beleza de ser o que é...


Como diz o ditado: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Eu complemento dizendo que cada uma sabe a beleza de ser o que é.

Terminei de ler o Anybody Out There e gostei. No geral, ele é um livro sobre amor, e eu vou me conter aqui pra não entregar a história. Pensei que esse livro daria um bom filme, e acho até que o Hugh Grant deveria estar nele (daí vocês já sacam que tipo de filme seria). Marian Keyes é fun and reliable. Isso está escrito na contracapa.

Realmente, o livro é divertido, a história e as personagens: factíveis. Totalmente plausível o enredo e, como eu disse, é fácil identificar-se com as personagens. Mas, tenho de ser crítica e a verdade é que Marian Keyes é muito superficial. Aliás, a maioria dos novos autores (com algumas - poucas - exceções), são muito superficiais. Abordam bons temas, mas não conseguem aprofundá-los (talvez por isso eu tenha ficado tão chocada com O Passado, Alan Pauls realmente foi a fundo no tema escolhido). E depois, o problema, é que a Marian opta por uns clichês muito baratos, na minha humilde opinião. De qualquer forma, é um livrinho fácil e leve de ler, que a gente devora. O problema foi ter acabado tão rápido!! Não chegou o We ainda e eu não tô a fim de ler nenhum dos que eu tenho em casa e não estou a fim de ler no momento (e são alguns, só pra citar, o Agnes Grey que eu li 3 páginas e larguei; o Tempos Líquidos que eu parei na metade para pensar a respeito; o The Diamond as Big as The Ritz; dois Nietszche que estão pela metade - também precisava pensar a respeito; o Cien Años de Soledad, que está na minha cabeceira para eu iniciar a releitura uma hora dessas...)...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

R & R - cada perdedor à sua maneira


Terminei de ler "Travessuras da Menina Má" e confesso que me deu uma raiva enorme ter perdido meu tempo com esta leitura. Mais uma razão para não ler best sellers com espectativas... tudo bem, é Mario Vargas Llosa e minha expectativa devia-se ao renomado autor, e não ao fato do livro não ter saído da lista dos mais vendidos (mas não necessariamente lidos) por um bom tempo.

De qualquer maneira, meu ímpeto inicial foi proclamar que o livro é uma bosta. Mas, como é Vargas Llosa, simplesmente não posso dizer isso. Como eu já havia comentado aqui, o pano de fundo da estória é deveras interessante, mas a estória em si, dá vontade de queimar o livro. Só ao final é que me dei conta da incrível semelhança entre este livro e o que eu li antes dele, O Passado.

Ambos os personagens são tradutores, ambos têm nomes que começam com "Ri" (um é Ricardo, outro é Rímini) e ambos têm sérios problemas de relacionamento com o sexo oposto. Mas enquanto O Passado é uma narrativa forte, pesada, que vai a fundo no tema que trata (pois o tema dos livros, é, no fundo, o mesmo: o amor), Travessuras da Menina Má é de uma superficialidade cortante. Eu já tinha escrito aqui que aquele amor todo não me convencia, e não convenceu, até o final. O que me pareceu foi que, na verdade, o que o idiota do Ricardito queria era não ter que se relacionar com ninguém. Aquela mulher que ia e vinha era uma benção para um sujeito que, no fundo, também não queria se comprometer, era um perdedor, com uma vidinha medíocre e que queria apenas um pouco de aventura e uma boa estória para contar. Isso, só isso. Nada de amor abnegado e quetais.

Apenas a minha humilde opinião, mas fato é que fiquei tão p. da vida com esse livro que agora vou ler um clássico da literatura inglesa (em inglês, of course): Agnes Grey. E depois desse pego o Fitzgerald (The Diamond as Big as the Ritz), pra mudar de ares.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

As travessuras da menina má


Ganhei esse livro de presente de aniversário, em junho do ano passado. Ficou na estante um tempão e umas amigas me pediram emprestado mais de uma vez, mas eu quis ler antes de emprestar. Estava meio assim, porque tinha lido a crítica, e não era muito favorável e eu não queria perder a ótima impressão que tenho de Vargas Llosa, de leituras anteriores. Mas terminei de ler O Passado, peguei o Tempos Líquidos e como não podia fugir ao meu padrão, resolvi ler este ao mesmo tempo.

Em dois dias de leitura, estou na metade (o livro tem 304 páginas). A história é bem fluída e interessante. Apesar disso, não me parece verossímil, eu simplesmente não consigo acreditar no amor que Ricardo Somocurcio sente pela menina má, que muda de nome e de personalidade ao longo dos anos para se dar bem (e toda vez que leio o nome dele, leio Socomúrcio). Não me parece real aquele amor, sei lá, não me convence.

Mas o que me interessa na história é todo o pano de fundo cultural que vai sendo contado. O surgimento do Sendero Luminoso, a ditadura no Peru, as revoluções culturais na Europa. Tudo isso é personagem coadjuvante e o que mais me chama a atenção. Só por isso a história já vale. No mais, o amor parece aquele d'O Amor nos Tempos do Cólera e, em matéria de amor, o Gabriel García Márquez é bem mais convincente.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Cousas...


Graças à Joelma, que escreve a ótima Revista Coza, descobri esse site, que tem esse ótimo negocinho chamado Brechó do Livro, para as pessoas trocarem, venderem ou comprarem livros usados. Sei que aqui em Porto Alegre temos a Traça e o Beco dos Livros, mas achei legal isso de você entrar em contato direto com o dono do livro, acho uma coisa mais produtiva, conhecer pessoas e até trocar impressões sobre o livro que você quer.

Mudei , e mudei aqui. Acho que ficou legal.

Graças a uma matéria da Cláudia sobre cartomancia resolvi catar meu baralho cigano e tirar as cartas de novo. Pra mim. O resultado foi bem positivo. Mas ainda não consegui conectar direito minhas ateninhas... tudo isso por ter me decepcionado com alguém. Quando eu comecei a fazer terapia, em 2004, eu acho, eu resolvi fazer porque queria me reconectar com meu lado espiritual, com meus "super poderes". Na época eu estava passando por um turbilhão de coisas ruins, e estava mal, mesmo. A terapia me ajudou até um ponto, mas de repente eu resolvi largar (típico impulso de geminiano, nunca acabar nada do que começa). Mas agora tem me dado vontade de voltar. Acho que terapia é uma das melhores coisas já inventadas pela humanidade, e ela funciona dentro de um preceito básico: para obter o sucesso, você precisa trabalhar e insistir. Eu sou quase totalmente contra remédios. Bolas. Antidepressivos, ansiolíticos e o kraio a 4. Eu vejo as pessoas usarem, vejo os estados de felicidade artificial em que vivem por um período e depois elas estão piores do que antes. Em poucos casos a pessoa melhora mesmo e sai andando com suas próprias perninhas quando larga a muleta. A terapia não, a terapia te serve como um enfrentamento, você contra você mesmo. Um abrir os olhos, um novo olhar sobre as mesmas coisas. Por mim, todo mundo que pode, deveria fazer terapia. Eu era muito chucra e metida a auto-suficiente, achava que todos os MEUS problemas eu poderia resolver SOZINHA. Mas a gente não pode, e não resolve, não TODOS os problemas. Os amigos ajudam, mas a tendência é que, muitas vezes, não demos ouvidos a eles ou até fiquemos ofendidos com certos comentários, porque isso é o mais comum em relacionamentos afetivos. Já com o terapeuta não. Com o terapeuta, você pode dizer as coisas que quer na cara dele, e ele pode te dizer o que entende necessário e o que quer na tua cara. A verdade é que pra receber conselho bom, tem que pagar mesmo. E a minha psiquiatra era maravilhosa, não trabalhava com remédios, apesar de poder receitar, porque a filosofia dela é como a minha: remédio só em último caso e só pra quem realmente precisa. E ela me ajudava a interpretar meus sonhos malucos!!
Acho que vou voltar, se eu conseguir localizar a minha psiqui...
Mas às vezes, tudo que a gente precisa é de um pouco de sabedoria oriental: "Se o teu problema tem solução, porque te preocupas? Se o teu problema não tem solução, porque te preocupas?" - Confúcio.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Verdadeiro espanto.


Finalmente terminei de ler O Passado. Com absoluto pavor cheguei ao final e achei o livro um verdadeiro soco: na cara, no estômago. Medo de pessoas assim. Horror de pessoas assim. Vidas imaginárias, em que se é feitor, ao mesmo tempo em que se é escravo. Estou até com medo de ver o filme, de visualizar certas passagens do livro.

De qualquer forma, é um livro MUITO bom. Muito bom mesmo. Como há tempos eu não lia um livro de ficção assim tão bom.

Vai o trecho sobre a verdade, que me caiu como uma luva, porque é o que aconteceu na minha vida.


"E enquanto começava a pensar que talvez isso explicasse a sorte catastrófica da verdade humana - isso: não o fato de que não houvesse verdade, como sustentavam muitos, mas o fato de que a verdade vinha sempre fora de hora, quando o enigma a que dava resposta já fora esquecido, e jamais caía nas mãos daqueles que a procuravam ou que dela necessitavam -, Rímini ouviu um som estranho, um atrito de couros, um tilintar opaco..."

domingo, 9 de dezembro de 2007

Change your instrument size.


Spam. Dr. Fulano. Aumente seu pênis. Viagra. Cialis. Tudo baratinho. Vai aí?

Aborrecimentos da vida moderna. Spam. Vírus. Spywares. Fora os verdadeiros spywares, ou faquinhas, ou gente sem nada pra fazer. Agora o orkut bloqueia as fotos e o scrap book, isso não é ótimo? Um conhecido me disse que achou ruim: agora não pode mais fuçar o orkut das moças bonitas... na boa, acho isso trash pra caramba. Procurar namorada no orkut? Fuçar os álbuns dos outros, pessoas que tu nem conhece, pra ver gatinhas(os)? Vai pra rua, tchê. Beber com os amigos. Jogar conversa fora. Tuas chances de conhecer alguém interessante e verdadeiro com certeza serão melhores.

Porque a internet tá cheia dessa gente de vida "dupla". Em casa você é um, com seus amigos você é outro, e na internet você é totalmente diferente. A gente conhece umas pessoas assim, não? Eu já virei imã de malucos, eu sei. Eu sou estranha. Eu sou alvo de bad juju. Uns me amam, outros me odeiam e eu nem sou famosa. E daí surgem as mais interessantes situações.

Num mundo perfeito todos os meus amigos seriam amigos entre si. Mas o mundo não é perfeito, né? E eu, sinceramente, cansei de tentar agradar a gregos e troianos. E cansei de confiar em pessoas que não merecem confiança até prova em contrário. Falei. A Dani disse que eu falo tudo pra todo mundo. Mas não tudo. Não o que me pedem pra não falar. Se é segredo, esclareça. Morre comigo. E se não é, eu posso contar pra quem eu quiser. Porque eu, eu sim, tenho pouquíssimos segredos. O que é segredo meu, eu não conto pra ninguém.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Caveira!


"Tropa de elite, osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você!"

E pegou. Finalmente fui assistir o filme. Achei fantástico. Sensacional. Merece um Oscar, merece prêmios, merece Cannes e Sundance. Li a reportagem da Veja antes de assistir. Li o idiota do Diogo Mainardi (ele é que nem a Martha Medeiros, um texto muito bom para 9 muito ruins).

Como disse a Dani: puro entretenimento. Mas tem realidade também, e essa realidade é a polêmica da coisa, né? Na boa, eu tava na faculdade e pensava exatamente como Matias, nunca gostei de maconheiros. Quem fuma 'um' ajuda a comprar armas pra bandido e ponto final. Discurso de direita? Pode ser. Não vou dizer que todo mundo tem opção de não ser bandido. A frase que abre o filme diz muito sobre ele, mas não sei se concordo na integralidade. Ainda estou pensando se há, ou não, esteriótipos no filme. Me parece que os burgueses foram todos esteriotipados, porque eu defenderia a polícia com a mesma veemência que Matias a defendeu na aula de sociologia. Isso desde o meu primeiro semestre de faculdade. E o Caio Junqueira, gente? Faz eras que ele não aparece na tv, mas é um puta ator. Nem vou falar do Wagner Moura, acho ele feio que é um raio, mas sou fã do cara desde o Carandiru.

Eu ainda não sei se o consumo de drogas é mesmo caso de saúde pública sempre. Claro, é, é, mas não sempre. Eu volto depois para escrever mais, o jetlag ainda tá pegando e segundo a Wikipedia, pode durar vários dias... sensação nada agradável. Aqui tem um textinho interessante sobre o filme.