Vou tentar de novo. O NanoWrimo é um projeto no qual você tem um mês para escrever um livro. Ano passado eu entrei, mas não escrevi quase nada. Esse ano vou começar do zero, no dia 1.
Untitled
Seu rosto como um sonho. Um sonho vívido. Os anos passam, eu continuo tendo o mesmo sonho. No sonho, você fala comigo. Eu não escuto. Só tenho essa visão, clara, nítida, do seu rosto, você sem camisa, gesticulando, uma expressão neutra. Na beira da praia.
Esse rosto gravado na minha retina. Eu consigo te descrever em detalhes, mesmo aqueles que estão diferentes. Você está mais velho. Eu estou mais velha. Mas o impacto do teu rosto ainda é quase o mesmo.
Eu tinha que começar a contar essa história desde o começo. O problema é que não sei bem quando ela começou. As lembranças se misturam, confundem. Lembro de você parado a me olhar. Lembro de que gostei de você porque tínhamos lido o mesmo livro. Antes daquela informação, achava que você não tinha cérebro. E nem te achava bonito. Depois ganhaste uma beleza imbatível, aquela beleza que nasce do amor.
Beleza que permanece, não importa o quanto eu te olhe. Não vai embora. É perene. Mas é sonho, nada mais do que sonho. Onde você está? Eu não sei. Sei que um dia a vida decidiu que nossos caminhos haviam de separar-se, serem diferentes. Um no mar, outro na terra. Porque as nossas almas desejavam coisas muito diferentes, e não tínhamos nada, nada além daquele livro, em comum.
O amor é assim, engraçado. Tragicômico.
Um dia fomos ver uma cigana que lia as palmas das mãos. Ela disse que tínhamos um carma juntos. Coisa de vidas passadas. Eu acreditei. Sempre acredito nessas coisas. Você riu. Não sei se acreditou. Fato é que, mesmo sem nada em comum, passamos tanto tempo juntos que cheguei a pensar que não nos separaríamos, embora desde o começo soubesse, bem lá dentro, que esse dia chegaria.
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