segunda-feira, 15 de maio de 2006

Ainda sobre o amor...


Ainda sobre o amor... sobre fantasias, sobre paixonites...
É preferível a verdade, ainda que ela doa. A verdade é o chão firme sobre o qual podemos pisar sem medo. A fantasia, a ilusão, são como um lago congelado, tu nunca sabes se aquela camada de gelo vai ser suficiente para agüentar teus passos. E, mesmo que por um tempo agüente, um dia o gelo derrete e cair num lago gelado não deve ser nada interessante.
Parte da premissa da verdade, porque só ela pode fazer um relacionamento existir em todos os sentidos.
E daí procurando sobre o amor na net, achei isso aqui, que achei perfeito, que tem a ver com o que eu já tinha escrito num desses dias, com o que o Sau já tinha escrito num desses dias, e com o que tantos outros já escreveram. É um pequeno excerto, mas muito bom.


Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra.·
O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

Miguel Esteves Cardoso - Elogio ao Amor (in Expresso), tirado daqui.

6 comentários:

Marce disse...

Blog's diferentes, textos diferentes.... hahaha ;-)

Anônimo disse...

Ola..

Nossa texto do Miguel forte e muito verdadeiro... Ate doi...

:*

Anônimo disse...

Perfeita descrição sobre o que é realmente o amor. Camada de gelo, que não sabemos até quando ela pode sustentar nosso peso! Anotei isso! hahaha Muito show, porque é simplesmente a realidade!

Tchau! =)

Simone disse...

L'amour...
Tão inexplicável...

Unknown disse...

"Por ser exato
O amor não cabe em si
Por ser encantado
O amor revela-se
Por ser amor
Invade
E fim"

Dificilmente explicaremos o amor!!!

Guiga disse...

O AMOR É UMA MERDA!!!!!

(bah, tri revoltada, né? Hehehe!)

Óbvio que tô brincando! O amor é o que faz a nossa existência ter sentido. E não estou falando de amor romântico...mas simplesmente amor: pelos pais, pelos filhos, pelos irmãos, pela natureza, pelo trabalho...e por uma pessoa especial, sim, como não?

Descobrir o amor, e aceitá-lo, e aceitar-se como amante e como amado, é o que nos faz viver.

Quem não ama, morre.