domingo, 21 de maio de 2006

Metafísica do Amor

Livro de Schopenhauer.

"Quando o amor é dirigido a um único ser e atinge grau muito elevado de intensidade, se não puder ser satisfeito, todos os bens do mundo e a própria vida perdem valor. É uma paixão de uma força inigualável, que não pára diante de nenhum sacrifício, e se não conseguir se realizar, pode levar à loucura ou ao suicídio. Deve existir, além das já citadas, outras causas inconscientes de uma tal paixão extremada, ainda que menos aparentes. Assim, temos de admitir que aqui não se trata apenas de adequação física, mas também a vontade do homem e a inteligência da mulher têm uma adequação mútua especial, em razão da qual um certo indivíduo completamente determinado somente pode ser gerado por eles, e é à existência desse indvíduo que o gênio da espécie visa, aqui, por razões que, ocultas na essência da coisa-em-si, não nos são acessíveis. Ou melhor, a vontade de vida deseja aqui objetivar-se em um indivíduo perfeitamente determinado, que só pode ser gerado por esse pai junto com essa mãe. (...)
"Que esse seja o fima que se visa prova-o o fato de que essa sublime paixão, tanto quanto as outras, extingue-se no gozo - para o grande espanto dos envolvidos. (...)
"Esse valor infinito que os amantes se dão mutuamentenão pode se basear em eventuais qualidades intelectuais e nem em qualidades objetivas e reais; até porque os amantes, com freqüência, não se conhecem o suficiente, como era o caso de Petrarca. Só o espírito da espécie pode abarcar com um único olhar o valor que os amantes têm para ele, para os seus fins. É por isso, também, que as grandes paixões nascem, geralmente, à primeira vista: Who ever lov'd not at first sight? (Shakespeare, As you like it, III, 5)".

Nenhum comentário: