quarta-feira, 30 de junho de 2010
É importante.
É claro, é claro que é. Mas importância é uma questão puramente pessoal. Claro, claro que é. Mas eu continuo achando que é o MÍNIMO. O mínimo. E você deveria estar preocupado com o MÁXIMO.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Antropológico
Sim, que os seres humanos são mesmo ridículos isso eu já sei. Mas tem coisas que chegam a extremos. Claro que, analisando friamente, pode-se entender perfeitamente porque religiões (todas elas) são atrativas. E algumas em especial, para alguns em especial.
Hoje fui num centro de umbanda. Vou provavelmente ofender algum praticamente mas... por favor! Veja, não estou defendendo nenhuma outra religião. Pelo contrário. Para mim, toda religião é sinônimo de ignorância e escravidão. E Deus não tem nada que ver com isso, que fique bem claro. Mas todo aquele lance de incorporar e ficar fumando sem parar?? Carece? Acho que não. Por outro lado, foi muito bom, porque depois que tu te liberta desses misticismos, tu vês como os "truques" são sempre os mesmos, independentemente da religião do pregador. Depois, é um barato uma religião onde tu pode cantar, dançar, fumar e beber, não é mesmo? Tomei um "passe" e fugi correndo.
Sinceramente, tem gente que tem anos de estudo e mesmo assim é ignorante e eu fico pasma. Assim como fiquei pasma porque saí na hora do jogo do Brasil-sil-sil e estava tudo fechado! Assim a economia prospera, né? Assim o país vai pra frente! (pra frente Brasil!!!!) E para aqueles que dizem que quem está descontente deve ir embora, eu digo que ainda não fui porque ainda não deu. Mas assim que possível, irei com muito prazer.
Hasta la vista, Baby!
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Where he slowly let me drown
Eu era um coração pesado de se carregar. Meu amado estava sobrecarregado. Eu tinha meus braços em volta do pescoço dele, e era muito, muito pesada. Era como se ele tivesse pés de chumbo, dava passos de concreto, mas me levava. Havia um assassino na multidão, ele se arrastava pelos corredores, não fazia nenhum barulho. Eu sabia que ele estava lá. Eu estava em volta dos seus tornozelos, tal qual cimento. Deixei com que tu afundasses lentamente. Mas meu amado nunca me abandonou.
Se o amor passado não foi uma benção, esse amado que me carrega é um presente. Ainda que muitas vezes meu coração seja tão pesado que ele mal possa carregar, meus pés nunca tocam o chão.
Passamos pelos lugares escuros que havia no caminho, ele não me deixou ter medo. Havia uma cachoeira, a água fria caiu sobre nós, atravessamos. Meus pés nunca tocam o chão. Ele me leva. E não me deixa ter medo, nunca me deixou na mão.
A floresta me dava calafrios, ele me disse para não olhar. Ele enfrentou tudo que havia e eu apenas coloquei meu rosto contra o seu corpo, eu não olhei, eu não quis ver, apenas ouvi e era assustador. Mas passamos, passamos pela floresta, continuamos no caminho, eu não sei onde ele me leva, mas deixo-o me levar.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
No mistery left
É como uma dessas músicas que tu escutas e te dá vontade de sair correndo. Já te aconteceu isso? Dá uma vontade enorme de sair correndo, de viver, de fazer qualquer coisa que não se sabe bem o que é. Apenas correr, sentir o vento no rosto, suar, sentir o coração batendo rápido, sentir dor na barriga de não conseguir respirar direito. Correr e correr, sem saber direito para onde.
Um dia a gente acorda querendo abraçar o mundo e não sabe por onde começar. E é bem isso mesmo, enquanto uns estavam se preparando para a glória, eu tava dando banda com meus amigos, e daí? São escolhas. Eu tava em Nova York indo para Conney Island passar um dos dias mais felizes da minha vida. E tu estavas aonde?
Talvez eu seja uma má influência. Talvez muita gente me deteste. E quem se importa? Os que me amam são as pessoas mais legais do mundo.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Summer 78
1978, o ano em que eu nasci. Sei pouco sobre ele. Sei que a Argentina ganhou a copa. E só. Aí descobri essa música linda, e me deu vontade de chorar ao escutá-la pela primeira vez. Ela me lembra aqueles filmes de guerra, naquelas cenas que antecedem o horror! O horror! Aquelas nas quais as personagens se apaixonam e andam de bicicleta em campos floridos, num lindo dia de sol. Naquela parte do little did they know do que vinha pela frente. E o que vinha pela frente eram bombas, tiros, sangue, dor e morte.
Fico acompanhando os dramas comezinhos de pequeninos burgueses como eu. Talvez o grande mal desse mundo hoje em dia, o que causa tanta depressão e #mimimi generalizado, seja a falta de grandes dramas. Se a gente tivesse que enfrentar guerras, fome, abandono, tenho certeza de que reclamaríamos menos da vida. Posso estar exagerando, não desejo a guerra nem coisas horríveis pra ninguém, mas o #mimimi cansa demais.
O lance é que enquanto estamos vendo a vida passar e reclamando sem fazer nada, tem gente por aí fazendo coisas lindas e sensacionais.
Think Simple Now - A Arte da Felicidade
O Think Simple Now é um blog motivacional, muito legal, que achei na internet faz um tempinho já. Desde então, eu acompanho os posts, sempre cheios de ótimos insights para melhorar a vidinha da gente. Resolvi compartilhar os posts da Tina com quem não fala inglês. Então vou começar a traduzi-los aqui. O de hoje é de 22 de junho.
Um dos maiores desafios de ser uma recém-mãe é perceber o pouquíssimo tempo livre que a gente realmente passa a ter.
Durante as primeiras semanas da chegada de Ryan em casa, meu dia consistia em troca de fraldas, alimentar, fazer arrotar, tirar leite dos seios, aconchegar, embalar, cantar baixinho - e o ciclo se repetia até meu marido chegar. Em muitos dias, encontrar um tempinho para tomar banho torna-se um desafio em si mesmo.
Se eu tenho sorte, enquanto Ryan cochila, eu arrumo uma ou duas horas para correr pro banheiro, lavar o que der, e conseguir comer alguma coisa. Nos dias em que eu posso fazer mais, consigo lavar a louça e ir ao mercado.
Esta tem sido a minha vida pelos últimos seis meses. E o que descrevi acima consiste apenas parte dos desafios que temos que encarar. Outros são privação de sono, manter o relacionamento romântico, e cólicas (3 ou mais horas de choro incessante, todas as noites, por várias semanas).
O que me fez concluir que nós, enquanto sociedade, realmente não damos crédito suficiente aos pais e mães em tempo integral do mundo. É mesmo uma das coisas mais difíceis que alguém pode experimentar mas, ainda, é uma dessas coisas que não se pode antecipar ou entender de verdade antes de se passar por isso.
Porque minhas mãos estão sempre ocupadas (literalmente), estou sempre para trás em todo o resto, como limpar a casa, lavar a roupa, responder e-mails e mais uma lista de coisas que parece infindável.
Agora que o Ryan está maiorzinho, quando ele não estava comendo ou dormindo, eu me pegava colocando-o para brincar em cima do tapete, ou numa cadeirinha, quase que habitualmente, para que eu pudesse tirar o atraso e fazer mais coisas da minha lista. Mas assim agindo, eu não estava realmente participando do desenvolvimento dele enquanto acordado.
Minha mente estava barulhenta, lotada de pensamentos e confusa. Eu sentia que estava me afogando num mar de tudo... aahhhhh!!!!
Um dia, há algumas semanas atrás, enquanto eu corria para tentar fazer meu trabalho no computador, eu ouvi Ryan fazendo aqueles barulhinhos de bebê adoráveis com a boca, enquanto ele estava deitadinho ao lado da minha mesa em cima de uma coberta.
Tentei ignorá-lo, para terminar o que havia começado mas, naquele momento, percebi que estava perdendo de estar com meu bebê, presenciando todos seus momentos de desenvolvimento. Desliguei o computador e comecei a brincar com Ryan, dando-lhe toda a minha atenção.
Dei-me conta de que tinha deixado uma lista de tarefas ditar as regras da minha vida. Porque eu estava tão focada em fazer as coisas, deixei de lado o meu filho, mesmo que ele estivesse ali fisicamente.
Concluí que o trabalho vai estar sempre ali, e não terá fim, se você assim permitir. Percebi que minha própria felicidade e estar com a minha família são as minhas prioridades mais importantes. E agora, escolho estar com meu filho, para dar-lhe minha total atenção, e testemunhar com profunda alegria que os bebês são radiantes. Todo o resto pode esperar.
Quando estamos ocupados estando ocupados, perdemos os detalhes bonitos de nossas vidas, e damos pouca importância a coisas que realmente significam muito para nós.
Se hoje fosse o último dia de sua vida, você estaria fazendo que tem perdido tanto tempo tentando fazer? Ou você estaria aproveitando momentos de deliciosa intimidade com aqueles que você ama? Ou fazendo algo que satisfizesse sua alma, que faz você saber, de dentro do seu coração, que a vida foi feita para ser alegre.
Rota direta para a felicidade
É fácil cair na armadilha das intermináveis listas de coisas a fazer, ou das exigências de outras pessoas que querem seu tempo, ou ainda da culpa de ter que fazer as coisas que você "deveria" estar fazendo.
Mas se tirarmos um momento para diminuir o ritmo, refletir, limpar nossas mentes, perceberemos que muitas das atividades que temos, e muitas das coisas que nos deixam estressados, não acrescentam nada ao nosso bem-estar.
Ao final de um dia, pergunte-se: O que eu quero? E a resposta será, quase sempre, um derivativo de Eu quero ser feliz.
Então, em vez de estar ocupado, em vez de fazer, de correr para tentar chegar a algum lugar, apenas decida ser feliz, AGORA!
Faça com que alegria e felicidade sejam os sentimentos que permeiam o seu dia, independentemente do que você está fazendo.
Foque-se nas coisas que fazem com que você se sinta bem. Foque-se nas bençãos e coisas boas que acontecem na sua vida. Observe as coisas pelas quais você pode agradecer, e mentalmente as especifique durante o dia.
Se você se pegar estressado ou atropelado pelas tarefas, pare tudo o que estiver fazendo e (opcionalmente) feche os olhos. Respire profundamente - inale todo o ar que puder e exale devagar - e pergunte-se: Quero sentir-me bem. O que posso fazer para me sentir bem? E foque-se nisso, siga sua intuição.
Outro dia, senti-me distraída e sob pressão, então perguntei a mim mesma o que eu queria fazer naquele momento, e minha voz interior pediu que eu tocasse a música Sweet Lullaby, do Deep Forest. Para mim, essa música representa esperança, inspiração e aventura.
(Parênteses meus: cara!!!! Nunca mais tinha ouvido essa música!!!)
Imediatamente senti-me tomada pela música e comecei a dançar ao seu ritmo pelo meu escritório. Uma sensação de alívio apoderou-se de mim e acalmou meu espírito. Senti-me pronta para encarar tudo de novo. Naquele momento, tive esse pensamento:
Pare de fazer aquilo que você pensa que deve fazer. Faça o que você quer fazer, o que faz com que você se sinta bem, faça aquilo que a sua inspiração manda fazer. Lembre-se que em nosso mundo, você faz as regras. O estresse é opcional.
Teardrop
É, ser louca é uma coisa muito cara, muito cara. Se eu tivesse a personalidade do Jim Carey em I love you Philip Morris, eu poderia dar golpes e me safar muito melhor que ele. Mas não tenho... então eu preciso dar um jeito de ganhar dinheiro de alguma maneira lícita. Enquanto isso ouço Yann Tiersen e tenho vontade de chorar. Aí ouço Massive Attack, lembro do House, tenho vontade de chorar também. Minto, agora não tenho vontade de chorar, mas me dá uma certa tristeza igual. Em geral, as coisas sempre significam mais para mim do que para os outros.
Amanhã fiquei de ir caminhar de manhã. E farei cookies de novo. E recuperarei minha dignidade fazendo as unhas das mãos e as sobrancelhas. E assistirei uma palestra. E jantarei comida quente e com muito carboidrato. Agora faço planos de ir morar no Oriente Médio. Golfo Pérsico. Um desafio. Mas as Ilhas Maldivas, as Ilhas Maldivas, as Ilhas Maldivas!!!!!!!!
terça-feira, 22 de junho de 2010
Sonhos, sonhos, sonhos
Sonhei que eu tinha duas avós e elas eram bruxas. Más.
Havia fogo, havia uma menininha que cabia na palma da minha mão e que eu salvava de morrer desnutrida. Havia pessoas que matavam pessoas para comer. E uma gorda, muito, muito, gorda, que emagrecia muito. E um álbum de fotos. E pessoas que eu não vejo há tempos. E instrumentos pérfuro-cortantes. Havia muitas coisas, muitas pessoas, uma japonesa magricela e má, que se vestida toda de preto e queria comer a gorda, literalmente. Por isso a gorda emagrecia. Para não ser devorada.
Havia fogo, havia uma menininha que cabia na palma da minha mão e que eu salvava de morrer desnutrida. Havia pessoas que matavam pessoas para comer. E uma gorda, muito, muito, gorda, que emagrecia muito. E um álbum de fotos. E pessoas que eu não vejo há tempos. E instrumentos pérfuro-cortantes. Havia muitas coisas, muitas pessoas, uma japonesa magricela e má, que se vestida toda de preto e queria comer a gorda, literalmente. Por isso a gorda emagrecia. Para não ser devorada.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Desafio Literário 2010 - Confessions of a Shopaholic y otras cositas...
Ontem peguei o Confessions of a Shopaholic pra continuar a leitura. Mas ô livrinho que me irrita! Não aguento a futilidade da Becky Bloom. É demais pra mim. Li mais umas páginas e larguei. Mas vou lê-lo até o final, ah, vou. Porque, afinal de contas, ele é o livro do mês de maio. Vou penar, eu sei, mas vou terminá-lo.
Bom, ontem terminei de ler Dexter no Escuro. Falei cedo demais que o livro era bom. Me deu uma certa raiva no final: usar misticismo pra explicar a personalidade de Dexter? Vá se catar. Com certeza, como comentou a Dani no post abaixo, a série de tv é mil vezes melhor, os roteiristas fizeram um trabalho primoroso.
Esse terceiro livro termina na mesma cena em que terminou a 3a temporada da série de tv. Mas a cena televisiva é mil vezes melhor do que a do livro. Sério, chegou a ficar ridículo esse final literário. E, além disso, como eu falei abaixo, a edição é horrivelmente mal cuidada, cheia de erros do começo ao fim. Chego a ficar com vergonha que uma editora brasileira faça um trabalho mal feito desses.
Sei que fiquei tão irritada com o final do livro que peguei um livro que eu tinha abandonado ano passado, Frenesi Polissilábico, do Nick Hornby, e recomecei a ler. Confesso que agora gostei um pouco mais. Esse livro é, na verdade, uma série de colunas que o autor escreveu para uma revista literária, falando sobre os livros que ele estava lendo. Uma coisa que me chateou ano passado, quando comprei o livro e comecei a ler, foi que a maioria dos livros que ele menciona eu nunca ouvi falar. Mas agora ficou mais interessante porque, ao menos, ele começou a falar de escritores que eu conheço, como Dickens e Hemingway. E os que eu não conheço, ele me deixou com vontade de conhecer, como Jonatham Lethem e Francis Wheen (aliás, o título em inglês é simplesmente genial, a tradução o deixou interessante, apenas).
Ando comendo livros, praticamente. Mas há dois problemas: 1. não estou lendo os livros do desafio; 2. não estou lendo os livros jurídicos que eu tenho de ler. Tenho que entregar meu projeto de trabalho de conclusão da pós agora em agosto e até o presente momento não li nada, nem sequer tenho idéia sobre qual assunto escreverei... procrastinação deixa a coisa mais emocionante... hehehehe
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Dexter no Escuro - Jeff Lindsay
Ganhei do meu namorado e já comecei a ler. O 3o livro da série que deu origem ao seriado Dexter não poderia ser ruim, mas é. Explico: a história é ótima, é bem escrita, tem partes muito engraçadas, mas a tradução é péssima e o livro está cheio de erros de ortografia, gramática e digitação. Não acredito que um livro saia de uma editora com tantos erros! Coisas como "ei", em vez de "eu", repetidas vezes, erros de pontuação, enfim, um horror!
Não li o original, mas como já trabalhei com tradução, tenho certeza de que há coisas mal traduzidas. Fiquei decepcionada com a falta de qualidade da editora planeta, confesso. Não sei se foi a pressa de publicar, ou falta de cuidado mesmo, mas fica o recado.
De qualquer forma, a história é ótima e vale a pena ler. Tem um blog fazendo uma promoção para ganhar os 3 livros, clica aqui e participa.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Dieta líquida
Passarei a álcool, será que emagrece? A verdade é que às vezes eu me irrito com certas coisas, mas deixa assim... só não me tirem pra trouxa.
Eu ia falar, mas ando sem saco. Então fiquem com imagens da minha vida.
sábado, 12 de junho de 2010
Watch me burn
Ele tem raiva. Eu gosto. Eu posso compreender. Eu sei aceitar. É fácil de me identificar. E tudo vem à tona, tudo vem à tona. Eu preciso dar socos nas paredes para machucar as mãos. Eu preciso correr, eu preciso ficar em forma, eu preciso me preparar, porque terei de lutar, terei de lutar.
Eu tenho muita coragem. Eu chuto todos os baldes. Eu não sei fingir. Eu minto que era muito mais fácil sorrir, mas é isso, é apenas mentira e eu não sei mentir quanto às coisas que realmente me importam.
O sol brilha quando tem de brilhar.
I was a heavy heart to carry, my beloved was weighed down
My arms around his neck, my fingers laced to crown
I was a heavy heart to carry, my feet dragged across ground
And he took me to the river where he slowly let me drown
My arms around his neck, my fingers laced to crown
I was a heavy heart to carry, my feet dragged across ground
And he took me to the river where he slowly let me drown
terça-feira, 8 de junho de 2010
Desafio Literário 2010 - junho: Pó de Parede - Carol Bensimon
Eu li esse livro mais pro começo do ano. Ele é fino, consiste de 3 histórias curtas, fácil de ler. Confesso que não gostei muito. Para toda crítica positiva que existe a respeito da autora, achei bem fraco. Somente a última história é digna de nota e elogio. As duas primeiras parecem trabalho de faculdade.
Não quero desmerecer a jovem escritora gaúcha. Mas realmente esperava mais. No entanto, acho que ela tem os requisitos necessários para vir a ser um grande nome da nossa literatura, se pegar mais pesado no trabalho. A primeira história, ainda que triste, tem um quê de querido diário que me fez torcer o nariz pra ela. Dá pra ler um trechinho do Pó de Parede aqui.
Não falta sensibilidade a essa jovem autora, que agora vive em Paris (inveeeeja!!) e de lá escreve um blog muito legal.
Dou nota 2 para o livro, mas recomendo que experimentem o livro mais recente dela, Sinuca Embaixo D'Água, que parece ser mais interessante e é finalista do Prêmio São Paulo de Literatura.
Porque as vacas dão leite...
Eu poderia dizer que algumas pessoas surpreendem, mas a verdade é que não me surpreendo muito. Há algo que umas pessoas classificariam de infantil em certas outras pessoas. Imaturidade, ou qualquer coisa de semelhante. Mas devo discordar. É muito além da imaturidade. É uma necessidade de ser melhor que os demais, ou, ainda, de sentir-me melhor, superior. E para isso, faz-se o quê? Tenta-se, ainda que a custa de passar ridículo, diminuir-se os outros. Só que certas atitudes falam por si só. Eu me sinto privilegiada por, em geral, não ter de falar nada porque eu levo muito a sério aquele ensinamento judaico do Lashon hara. As atitudes dos outros demonstram a que eles vieram, quais são seus valores ou apenas mostram que certos indivíduos não possuem quaisquer valores. Há criaturas que fazem do narcisismo um estilo de vida. E isso é algo que espelha o vazio que impera em muitas pessoas que se dizem pessoas hoje em dia. É preciso muito mais do que aparências para que um indivíduo possa ser chamado de pessoa. A verdade é que eu aprendi a simplesmente considerar esses seres “humanos” vazios, mesquinhos, invejosos, narcisistas, como não pessoas. Eles são coisas, e coisas que são, podem ser descartados. Já que não servem para nada mesmo.
Carta a Daniel 21
Querido Daniel,
Eu preciso te dizer adeus. Nem que seja nos meus sonhos. De alguma maneira, tu estavas lá, dentro do meu coração e dos meus pensamentos. Foste substituído por algo de real, mas me doeu perder-te. Assim como doeu imaginar que eu poderia perder o que tenho de concreto. Mas ele voltou com uma camiseta verde e isso me deu esperança.
Havia uma floresta escura à frente da tua casa, eu não queria que ele fosse até lá. Eu tinha medo que ele não voltasse. Mas também não queria deixar-te. Agarrei-me a ti, com os braços e as pernas e minhas lágrimas, mas permaneceste inerte, como se eu não estivesse ali, como se meu corpo não estivesse junto ao teu.
Havia um veneno em uma seringa negra. Eu tinha uma arma futurista e letal. Havia um helicóptero negro. Eu precisava fugir, eu precisava de ajuda, eu passava mal, eu estava envenenada. O máximo que consegui foi que minha irmã pegasse um ônibus comigo. Eu precisava esconder-me.
Como pudeste simplesmente excluir-me da tua vida como se eu nunca tivesse feito parte dela? Como podes viver sem sequer dedicar um único e singular pensamento a mim? Ainda que o fizesses de tempos em tempos?
Eu sei que me apagaste de tudo. Eu nunca existi. Eu não fui, não sou, não serei nada para ti. E isso não te doeu nada. Tu não sentes dor, tu nunca sentiste a minha dor. Nunca te preocupaste comigo, nunca pensaste que eu poderia simplesmente ir...
Não te deixo mais beijos. Não mais.
C.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Extremamente alto e incrivelmente perto
Querido Jonathan,
terminei de ler teu livro ontem à noite. Confesso que no começo o estava achando chato. Chatíssimo, aliás. O menino Oskar Schell não me parece crível, porque nenhuma criança de 8 anos pode ser assim tão incrivelmente inteligente e chata. Somente ao final ele me parece uma criança. Aliás, somente ao final ele me pareceu um ser humano e não apenas uma personagem.
As melhores partes do livro são as cartas do pai ao filho. Ali tu mostras toda a tua sensibilidade como escritor. Mas não posso deixar de dizer que o tema do livro, o 11 de setembro, não poderia ser mais comercial. É um livro tocante, no entanto. Terminei de lê-lo com lágrimas.
Creio que deixaste de ser "uma das vozes mais promissoras" da tua geração quando teu livro "Everything is illuminated" virou filme. Se Hollywood te quis, deixaste de ser promessa, passaste a ser uma coisa concreta, um produto, parte da indústria. Isso, no entanto, não retira tuas qualidades. És extremamente sensível e consegue descrever sentimentos profundos com maestria.
Mas, como eu disse, falta algo a esse teu livro. Um pouco mais de verossimilhança. Eu sei que é ficção, mas mesmo assim.
De qualquer forma, gostei do teu livro.
Um abraço,
Virginia
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