domingo, 3 de maio de 2009

Ay carajo!


Se samba pa ti tivesse uma letra, qual seria? Pra mim essa música lembra amor. Mas não qualquer um. Só vejo gente amargurada e, no entanto, eu insisto. Insisto. Idiota, muito provavelmente. Mas eu insisto. Louca, muito provavelmente, mas eu insisto. Me lembra amor. Mas não qualquer amor. Talvez um que não exista. As pessoas são escrotas, escrotas, escrotas. Mas mesmo assim eu insisto. Porque essa música me lembra amor. Porque como disse o Che: o que move um revolucionário verdadeiro é o amor. O amor pela justiça, pela igualdade, pela liberade. O amor pelo amor. O amor pelo que é belo.
E samba pa ti diz isso: a juventude é a eterna beleza. Por mais que eu ouça que as pessoas só se apaixonam aos 12 anos. O que é ridículo. Por mais que eu ouça que depois, não mais, não mais. Por mais que eu veja a amargura que escorre pelos cantos. Por mais que eu seja amarga. Tem um pouco de amargura que simplesmente não me adentra. Um mel que bloqueia. Umas flores jogadas ao alto. Uma ajuda inesperada. Uma solidão merecida. Uma solidão triste e ao mesmo tempo libertária. Porque samba pa ti diz eu te amo, te amo, te amo. E mesmo assim há pessoas que ficam putas com o amor porque ele é repetitivo e ridículo. Porque o amor não pode existir se tomou umas cachaças. O amor não pode existir se fumou um baseado. O amor não pode existir se bebeu cerveja demais e disse de menos. O amor não pode existir se não for sério. E, no entanto, ele existe e insiste acima de tudo. Nas coisas mais pequenas. Nas coisas mais insignificantes. Nas flores murchas, ainda assim, ele ganha significado. Em lágrimas não derramadas e na amargura da decepção, ele insiste. E eu? Continuo trouxa, mas ao menos uma trouxa com convicção.

2 comentários:

Gabriel disse...

o bom é que samba pa ti não tem letra para ser interpretada.

G.D. disse...

Ja dizia Wilde que o grande misterio nao seria o da MORTE,mas sim o do AMOR.

Um misterio que, friamente, se mostra meio ridiculo, mas que se nao fosse atirado sem medo desse proprio "ridiculo" nao-o SERIA, como disse OUTRO dos BONS.

Enfim: seguimos firmes nessa conviccao meio "trouxa" na falta de outro algo imprescindivel para a vida, que se caracteriza por ser igualmente ridiculo e igualmente inevitavel