sábado, 16 de maio de 2009

Você tem sempre essa nobreza de represar os sentimentos...


"Ou confiamos no amor, ou ele deixa de existir. Não se pode inventar nada além daquilo que a natureza criou para o ato sexual, meu caro, sem fazê-lo perder a força e a beleza originais".

"Benjamim. Ele é baiano. Preferiu viver em São Paulo porque adora o deserto. Homem de muito saber e sensibilidade, precisa, para resistir a si próprio, de bastante aridez, secura e vazio ao seu redor. Nada melhor, pois, que a cidade de São Paulo com suas centenas de quilômetros quadrados de concreto armado, veias e artérias de ferro e aço, pele de asfalto e granito. Homens e mulheres, poucos e bons, em número e qualidade suficientes ao seu apetite intelectual, afetivo e sexual. O resto, isto é, quase todas as criaturas que habitam a cidade, Benjamim compara a formigas obreiras, recobertas de quitina do rabo cotó aos ferrões agressivos. Se não mexermos com elas não nos incomodam, porque são muito pacíficas. Estão sempre ocupadas e, em geral, não são carnívoras".

"A alienção tem muitos caminhos. Mas a mental é menos importante e grave que a vital. Não foi nossa mente que ficou louca, mas nossa vida, compreende? E, permanecendo intacto o pensamento, julgamos, criticamos, analisamos e sintetizamos nossa incapacidade de ser, estar, sentir, querer e fazer".

(Todos esses trechos são de Cleo e Daniel, do Roberto Freire. E o título do post tirei do Leite Derramado, do Chico Buarque)

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