segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Harajuku girl


Eu vi uma menina. Uma menina de lindos cabelos vermelhos encaracolados. Compridos. Saia curta, tênis, simples e feliz. De mãos dadas com o namorado, ela tinha brilho no olhar.
Eu vi essa mesma menina, anos depois. Ainda com o mesmo namorado. Mas dessa vez não estavam de mãos dadas. Discutiam. Vi desrespeito e desprezo nos olhos dele. Vi tristeza e desespero nos olhos dela, que já não tinham mais aquele brilho. Os cabelos, ainda vermelhos, mas mais curtos, mal cuidados, despenteados, sem os lindos cachos de outrora.
As pessoas entram em espirais de auto destruição não sentida. O desrespeito inicia comedido e vai se infiltrando na mente e no coração de quem ama aquele que desrespeita. Essa pessoa, cega, apaixonada, não vê como o processo todo acontece, apenas se dá conta quando sua alma já está reduzida a farrapos. Pensa que o amor causa sofrimento, quando, na verdade, é a falta dele que causa. Amar e não ser correspondido, amar e ser tratado como nada, como uma coisa, envenena a alma, derruba o espírito, machuca o coração e o corpo. 
O pior: ela ainda não percebeu isso. Essa menina. Espero que perceba logo, antes que não consiga mais recosturar os farrapos.

4 comentários:

Ni disse...

Vica,
Posso postar um pedacinho desse teu post no meu blog (vou creditar, claroooo)...é que me quebrou as pernas de tanto que eu me identifiquei com o trecho...
beijocas e boa semana

Vica disse...

Claro, pode pegar emprestado, Ni! Beijo.

natalia. disse...

Eu acho que os farrapos sempre podem ser recosturados, mesmo que a gente só se dê conta de que estamos fazendo mal a nós mesmas depois de muito sofrer.

Sheyla disse...

Vica,
Talvez ela já tenha percebido sim, mas talvez ela, ainda, tenha esperança como quase toda menina tem. Talvez, movida por essa esperança, ela, ainda, não acredite no que vê. Um dia escrevi lá no meu blog isso: Como é triste ver a pessoa amada escolher o nada,
quando poderia ser tudo.
Já não mais tento e lamento.
Quando o que há no nada é apatia, o tudo seria, talvez, apenas uma leve calmaria.
Quando li o que escreveu, lembrei-me do que havia escrito. Resumindo: como é triste.
Bjs