segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Peixe Dourado, Le Clézio.


"Peixe dourado" é um bom romance de J.M.G. Le Clézio, o ganhador do prêmio Nobel deste ano. Duas idéias estão na gênese desta história. Uma é explícita, está na epígrafe do livro. Trata-se de um provérbio mexicano onde se aconselha um peixinho dourado a cuidar-se bem, pois são demais as armadilhas deste mundo. A segunda idéia eu associo ao "O Africano", livro dele que li e resenhei abaixo, onde ele conta a história de seu pai e que descreve como para algumas tribos africanas o momento realmente importante da vida é o da concepção e não o do nascimento, pois no lugar e na hora da concepção algo mágico acontece entre a natureza e o novo ser que é gerado. Quando você volta ao lugar em que foi gerado há um recomunhão entre os elementos. Assim são os hábitos, tradições dos povos e nações que mal conhecemos, luminosos, sempre surpreendentes. A história de "Peixe dourado" segue então a partir destas duas idéias. Tudo é muito rápido no texto de Le Clézio, tudo muito cruel, mas sem choramingas, sem explicações reducionistas e bestas, como deve sempre ser em um livro que fale da vida. Uma menina de origem árabe chamada Laila (um nome que pode significar "bela como a noite") é sequestrada em algum lugar do Saara ocidental africano e se descobre escrava de uma senhora marroquina de origem judaica. A partir desta aparição em um lugar novo, desaparecido seu passado, sua vida segue em ritmo sempre frenético: vive com a senhora até a sua morte; é acolhida por outras moças abandonadas; faz amigos, parte para Europa, atravessando a Espanha para chegar a França; passa por experiências, aprendizados, agressões, encantamentos, sofrimentos, lutas, como qualquer emigrante que nem identidade tem (os papéis sempre podem ser forjados, mas uma identidade, uma história de vida dificilmente pode ser emulada); aprende música; emigra como que por acaso para os Estados Unidos; se apaixona, adoece, volta a Europa e depois para a África, para a região onde provavelmente vivia antes de ser sequestrada. Os detalhes destas peripécias são muito bem contados. O livro trata de assuntos duros, de um mundo xenofobista, onde a inclusão é sempre uma miragem, a marginalidade e o preconceito obsessivamente presentes, mas o livro se deixa ler com vagar, como se tratasse mesmo de acompanhar um pequeno peixe que nada em um mar gigantesco. É de fato muito bem escrito. (por Aguinaldo Medici Severino )

Chupei essa resenha toda daqui, por falta de tempo de escrever a minha e, também, porque ainda não terminei de ler o livro. Só posso dizer que estou gostando muito.

2 comentários:

Aguinaldo Medici Severino disse...

olá
muito gentil você.
agora que sei o caminho para teu blog vou espiar (e soprar) um tanto por aqui de vez em quando.
inclui um link do meu blog para o teu.
inté um outro dia.
aguinaldo

Anônimo disse...

PALMAS VICAAAAAA
MEI ESTE TOPO DO TEU LAY....
CHIQUE É POUCO
BEIJOS


DANI