Eu gosto dessa música. Algumas coisas são assim: tristes, mas verdadeiras. Mas não quero falar de tristeza, embora esteja um tanto amuada com certos acontecimentos recentes. Oh, well, como dizem: não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe. Vamos aguardar o que vem por aí.
Na verdade eu ando pensando no passado. É sempre assim, não é? Quando o futuro se apresenta diante da gente, imediatamente voltamos nossos pensamentos ao passado. No que eu ando pensando? No amor. Porque há uns 10 anos atrás (gente, como estou velha!), amar era algo assim tão dolorido, tão sofrido, tão difícil!! Por que quando a gente é piá não consegue ser tranqüilo e curtir um amor? Não consegue aproveitar a companhia do outro sem criar toda uma série de pequenos, médios e/ou enormes dramas?? Tudo é tão pungente! Tão tocante! Tão infinitamente exacerbado!
She dreams in color, she dreams in red, cant find a better man...She lies and says she still loves him, cant find a better man...
Ouvindo Pearl Jam, porque hoje só esse homem me faz feliz... (Eddie Vedder). Ele e o meu amado. Na verdade, a música que eu queria escutar é "Nothing as it seems", uma das minhas preferidas. Bom, por acaso tem alguma música do Pearl Jam que eu não gosto?? Acho que não.
Pois era tudo assim antes: cheio de lágrimas e sofrimentos. E brigas por bobagens. E beijos sôfregos. Banhos de chuva que prometiam felicidade eterna para quando o sol raiasse, tudo virasse terremoto! A gente passava tremendo nas bases, pisando em ovos, amando e... sofrendo. Sim, era tudo sofrimento no final. E também mágoa. Hoje isso já foi. Às vezes sinto uma certa melancolia, mas acho normal. Uma melancolia que combina com essa música: Nothing Man. Ou, talvez, Morning Yearning, do Ben Harper. Aquele desejo de algo que não se sabe bem o que é.
A gente se apega a coisas sem sentido. Sentimentos sem sentido e pessoas sem sentido. Tudo é tão maior e tão mais importante, e nos concentramos na pequeneza, na insignificância. É como a moça linda, de rosto perfeito, totalmente neurótica, com medo de perder o namorado. Ora, mulher, você é muito mais que isso, cuspa na cara desse imbecil e siga em frente.
Mas não, o medo da solidão é paralisante. E o que adianta? Nada, mesmo acompanhados, continuamos tão sozinhos quanto antes. Ou, às vezes, muito mais sozinhos. Não gosto de vítimas. Somos senhores de nosso destino. Se tomamos um tombo, somos responsáveis por ter escolhido aquele caminho, por ter acreditado em quem não deveríamos. Claro, podemos ser enganados. Mas lembre que quem escolhe a maneira como vai reagir às situações é você mesmo. Não há ninguém por você, muito menos alguém que vá passar a mão na sua cabeça.
Levante a cabeça, páre de sofrer por bobagens, páre de criar mundinhos tristes e onde você é sempre vítima, e assuma as rédeas da sua vida e dos seus sentimentos. Nós não temos mais 18 anos, quando eu andava de cabelos vermelhos, unhas verdes, camisa xadrez e botinas e me apaixonava por um cara diferente (para sofrer bastante, claro) a cada semana.
Tem gente que cria fantásticas relações de dependência com o que lhe faz mal. Talvez todos sejamos assim, em algum momento. Dependentes de alguma droga, para aliviar um pouco a nossa própria fraqueza. Nelson Rodrigues disse que "ninguém ama e é feliz ao mesmo tempo", e, em certos aspectos, ele tem toda razão. Delícia de leitura essa, aliás.
Eu, no entanto, insisto nessas "impossibilidades". Amo e sou feliz. Mantenho o meu bom humor, ainda que isso me seja custoso, dolorido e realmente difícil em alguns momentos. Hoje, quando eu estava querendo mais que tudo surtar, sair da casa, gritar, correr, me jogar no Guaíba, eu tratei todos os clientes que foram lá no escritório pela manhã e-x-t-r-e-m-a-m-e-n-t-e bem. "Hoje a Vica tá simpática", disse a minha colega, tirando onda. Os outros não têm nada a ver com meus problemas, não é mesmo.
O problema mesmo é quando quem deveria, ao menos, tentar te entender, simplesmente não te entende e leva o que tu dizes em ponta de faca.
Oh, a minha música... Given to Fly... sempre viajo quando ouço essa. Acho que foi feita pra mim. Nesses meus pensamentos sobre o passado eu pensei que se tem uma coisa que eu sempre fui, sempre, sempre, é LIVRE. Uma das pessoas mais livres que eu conheço. Se bem que ultimamente me pego dando conselhos que há algum tempo atrás eu chamaria de cretinos. Mas fazer o que? A idade está me deixando cada vez mais pragmática.
And he still gives his love, he just gives it away
The love he receives is the love that is saved
And sometimes is seen a strange spot in the sky
A human being that was given to fly
Mas sim, eu sempre fui livre. Sempre fiz o que eu quis, e por isso tenho poucos arrependimentos. Porque, afinal de contas, se eu fiz o que quis, não posso me arrepender.