quarta-feira, 7 de julho de 2010

O apanhador no campo de centeio

Resolvi ler esse livro de tanto que se fala sobre ele e, mais ainda, sobre seu autor, especialmente porque ele faleceu no início deste ano. Confesso que não é nada do que eu esperava embora seja difícil definir o que eu esperava. Mas o título é confuso para mim. Já cheguei na parte em que ele menciona de onde saiu esse título, mas fico achando que foi mal traduzido mesmo que eu ainda não tenha conseguido pensar num termo melhor. De qualquer maneira, agora, já é tarde para querer mudar o título de um livro clássico. Ainda não cheguei ao final, mas ele é realmente intrigante. A personagem central é muito atípica, eu diria.
Um adolescente muito Peter Pan, Holden Caulfield tem 17 anos e acredita que o mundo é feito de cínicos. Todos são falsos e hipócritas e ele é superior a praticamente todas as pessoas que conhece. Existem várias análises a respeito dessa personagem e da história (uma muito boa em inglês aqui e outra em português aqui), mas me parece que ele era, acima de tudo, um deprimido por ter perdido o irmão mais jovem, que em sua concepção era a criança inocente e a melhor pessoa de sua família. Li uns comentários no Skoob de umas pessoas que não gostaram do livro justamente por esse lado depressivo da personagem, para ele tudo era ruim e horrível.
No entanto, eu consigo compreendê-lo muito bem. Acho que toda pessoa que já sofreu de depressão consegue compreender o sofrimento alheio que não tem motivo físico.
Uma das inovações do livro foi a linguagem utilizada, já que ele é narrado em primeira pessoa e utiliza um vocabulário e maneirismos próprios de adolescentes (do adolescente norte-americano da época). É um tanto cansativo, às vezes, por causa da repetição. Se alguém fosse fazer uma adaptação desse livro para o jeito como os adolescentes brasileiros falam hoje, ia ter um "tá ligado?" no final de cada parágrafo. Chato, né?
Acho que o que mais marcou a respeito do livro foi o fato de seu autor ter virado recluso e publicado muito pouco depois do sucesso que essa obra fez. Teve uma vida bem longa, J.D. Salinger (morreu aos 91 anos), mas escreveu poucos livros e parou de publicar em 1965.
Vale a leitura pelo aspecto cultural da coisa.

4 comentários:

Marilia disse...

Oi Vica,
Eu não li o livro... mas, sei que ficou marcado com o ocorrido nos Estados Unidos, de um sujeito ter matado umas pessoas, e quando preso ele estaria lendo o livro....
Bom. O autor faleceu recentemente e veio à tona o livro famoso.
Boa leitura.
Beijos.

Anônimo disse...

Nao sei como funciona para GURIAS, mas a descricao do sofrimento do Holden com a menina dos sonhos dele saindo com um colega que "nao a conhece" e muito menos "a merece" pode ser descrita como um dos mais perfeitos retratos de um sentimento ja relatados em livro.

Vica disse...

O assassino do Kennedy disse ter se inspirado nesse livro para matá-lo e o assassino do Lennon estava lendo o livro quando matou o cantor... realmente, as pessoas usam qualquer desculpa para matar as outras.
O sofrimento do Holden era bem interessante, realmente ele era um cara muito sensível. Terminei de ler o livro ontem à noite e acho que, acima de tudo, ele tinha depressão clínica. Provavelmente o autor tinha também, já que viveu recluso quase toda sua vida. Acho que o interessante do livro é justamente a maneira como ele descreve os sentimentos da personagem.

Marilia disse...

É isso mesmo Vica... parabéns pelo senso crítico. Beijocas.