segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Porque o ano ainda não acabou...

Eu republico minha lista de livros lidos em 2009, devidamente atualizada.

- Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert.
- O Aleph, José Luís Borges.
- Leite Derramado, Chico Buarque.
- Budapeste, Chico Buarque.
- Cleo e Daniel, Roberto Freire.
- A Long Way Down, Nick Hornby.
- os 3 livros da coleção Millenium, de Stieg Larsson:

* Os homens que não amavam as mulheres
* A menina que brincava com fogo
* A rainha do castelo de ar


- Esboço para uma teoria das emoções, Jean Paul Sartre.
- O Código da Inteligência, Augusto Cury.
- O avesso da vida, Philip Roth.
- O livro dos Manuais, Paulo Coelho.
- Snuff, Chuck Palahniuck.
- The Unbearable Lightness of Being, Milan Kundera.
- De Profundis e outras histórias do Cárcere, de Oscar Wilde.
- O Guia do Mochileiro das Galáxias, Douglas Adams.

Estou lendo: A Arte de Conhecer a Si Mesmo - Schopenhauer.

Começados e não terminados:
- Contos Completos de Virginia Woolf.
- O sequestrado de veneza, Jean Paul Sartre.
- O livro dos abraços, Eduardo Galeano.
- As I lay dying, William Faulkner.
- Papeles inesperados, Julio Cortazar.
- Histórias fantásticas, Adolfo Bioy Casares.
- Frenesi Polissilábico, Nick Hornby.
- A Arte da Vida, Zygmunt Bauman.
- O diário de Zlata, Zlata Filipovic.


Na espera:
- Cal, José Luís Peixoto.
- Ask the Dust, John Fante.
- Zen and the art of Motorcycle Maintenance, Robert Pirsig.
- Disgrace, J.M. Coetzee.
- 5 minds for the future, Howard Gardner.
- The sound and the fury, William Faulkner.
- Light in august, William Faulkner.
- A arte de ter razão, Arthur Schopenhauer.

Mas agora em janeiro já estarei às voltas com as leituras do Desafio Literário 2010.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sobre o Alcoolismo

Você acorda às 5 da manhã, com o vestido que você usava quando saiu, as sandálias ao lado da cama, a bolsa em cima da mesa com seu dinheiro e cartão dentro, o celular na cama ao seu lado, o vizinho milagrosamente em silêncio e, fora a tremenda dor de cabeça, tudo aparentemente em ordem (a porta está chaveada) e você pensa: Deus gosta mesmo de mim.
Porque eu não lembro como cheguei em casa, não lembro de pagar a conta e não lembro de sair de onde eu estava. Não sei se vim caminhando, de carona ou de táxi. Minha memória foi até certo ponto e parou. O resto é uma incógnita. A única coisa que eu sei é que não deveria ter aceitado o conselho do garçom de pedir Salton Prosecco porque todo Salton é do demo e causa essa terrível dor de cabeça no dia seguinte. E causa amnésia alcóolica. Eu lembro que antigamente eu achava que esse lance de amnésia alcóolica era desculpa esfarrapada de quem sabia que tinha bebido e aprontado alguma, mas não é não. Porque foi a partir desse ano que eu fiquei meses sem beber que agora toda vez que eu passo da conta eu acabo esquecendo um pedaço da noite. Numa dessas eu consegui bloquear a senha do meu cartão de crédito.
E aí eu tive um sonho tão longo que mais parecia um filme: começou com a Gisele Bündchen chegando na minha casa e querendo contratar a empregada da minha mãe pra lavar as roupas dela. Sendo que ela já trazia um saco gigante que tinha até um sofá dentro. Depois, eu ia participar de um passeio coletivo de bicicleta pela paz e para que as pessoas deixassem de ser sedentárias. Todas as bicicletas eram brancas e estavam amarradas umas às outras com fitas brancas. A gente saía do prédio e tinha que atravessar um cinema, de bicicletas, para chegar na rua. Aí a rua estava um caos porque uns menores infratores tinham fugido da Febem e tava rolando tiroteio. Nisso, eu atropelei com a bicicleta uma menininha que correu na minha frente. Ela só teve uns raladinhos, mas a mãe dela disse que eu deveria levá-la ao PS e deixou a menina comigo. Só que eu não tinha como chegar no PS por causa do tiroteio, aí eu fugia e a menininha transformava-se num cachorrinho e eu a levava a um veterinário.

E agora tô aqui, morrendo de dor de cabeça mas comendo torradas feitas na minha torradeira nova.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Quem adivinhar o autor ganha o livro dele de presente!

"Chamamos a época em que vivemos de utilitária, mas a verdade é que não sabemos usar praticamente nenhuma das coisas de que dispomos. Esquecemos que a água limpa, o fogo purifica e a Terra é a mãe de todos nós". 

Vou colocar mais duas citações, do mesmo livro, para ajudar:

"É claro que o pecador deve arrepender-se. Mas por quê? Simplesmente porque, de outra forma, ele não conseguiria entender o seu erro. O momento do arrependimento é o momento da iniciação. Mais do que isso: é o meio através do qual podemos alterar nosso passado".

"E todos aqueles que abandonam o círculo a que pertencem mudam apenas o ambiente que os cerca, jamais a própria índole. Nem conseguem adquirir jamais os pensamentos e emoções próprios do mundo onde ingressaram - não sabem como fazê-lo".

E aí, quem escreveu isso?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Paralisia cerebral

É como uma escara. Uma ferida que não sara. Pois quem poderá te salvar do horror a ti mesmo? Então acontece a paralisia: teu corpo se move, mas tu não consegues pensar. E se não pensar pode parecer uma libertação num primeiro momento, no seguinte, não mais. Porque é preciso pensar, ou então não se sobrevive.

E tu te arrastas de pijamas pela casa com uma xícara de café na mão. Juras por mais um dia que não beberás mais café. Sentarás e escreverás. Escreverás tudo: todas as idéias malucas, sórdidas, estranhas, banais... tudo o que te passa pela cabeça. Mas não há nada na tua cabeça. Teu cérebro foi picado por uma aranha que te diz, há muito tempo: não és capaz, não és capaz, não vales nada, nada, nada, tua vida não tem o menor sentido e tu deves perseguir sonhos e desejos que nunca foram teus. E isso não te fará feliz. E isso não fará ninguém feliz. É sádico e idiota e bem o sabes, mas não consegues, não consegues te libertar de todas as amarras imaginárias que te paralisam e te deixam sem pensar e sem sentir.

I need a heart to breathe again.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O tal do meme

Adrib intimou... vou tentar...

Há 10 anos...
Putz, 1999, sei lá. Eu tava na faculdade. Eu namorava fazia um tempinho, eu era louca por ele, eu queria casar. Eu achava que quando me formasse seria promotora de justiça e ganharia rios de dinheiro, além de ajudar a socidade e o mundo a serem melhores. Eu esperava pelo bug do milênio. A vida era feliz e quase despreocupada. Nesse ano eu conheci meu melhor amigo da vida. Dava aulas de inglês.

Há 5 anos...
Eu morava com minhas amigas e fazia muita festa. Formada, trabalhava num escritório com uma das minhas melhores amigas e ganhava muito mal. Mas era divertido. Nesse ano terminei um namoro de 3 anos e engatei outro na sequência. Fiz uma festa junina no meu aniversário que foi super divertida. Também foi o ano da famosa festa no apê.

Há 2 anos...
Eu casei. Foi um ano muito bom. Eu trabalhava horrores mas adorava tudo aquilo. Eu fiz muitas festas com minhas amigas. Eu era realmente muito feliz.

Há 1 ano...
Eu separei. Eu fui promovida. Eu fui pra Nova York. Eu fui morar sozinha. Eu tive certeza de que tenho as amigas mais maravilhosas do mundo. Eu fui enganada. Eu passei o natal e o reveillon em São Paulo e apesar de estranho, foi bom. Eu comecei a fazer terapia. Eu deixei de gostar do meu trabalho.

Ontem...
Eu fui no cinema com meu namorado ver Julie & Julia. A gente comeu pipocas. Não gostei tanto do filme quando pensei que gostaria. Eu fiz janta, nós tomamos vinho, nós assistimos Dexter, nós dormimos abraçados.

Amanhã...
Eu preciso ir na prefeitura resolver uma pendência. Eu preciso ir nos correios. Eu preciso ir ao banco. Mas não sei se de fato farei essas coisas.

5 coisas sem as quais eu não posso viver:
- sem minhas amigas,
- sem a Olívia,
- sem cappuccino,
- sem livros,
- sem amor.

5 coisas que eu compraria com mil reais:
- uma passagem aérea pra São Paulo e uns dias de hotel;
- uma pacote de viagem pra Buenos Aires;
- livros;
- sapatos;
- presentes pras pessoas que eu amo.

5 maus hábitos:
- ser muito cruel comigo mesma;
- ser curiosa demais;
- ser insegura às vezes;
- tomar muito café;
- preguiça.

3 coisas que me assustam:
- a falta de amor;
- morcegos;
- baratas.

3 coisas que estou vestindo nesse momento:
- camiseta verde;
- calça jeans;
- meias da Pucca.

Cantores ou bandas preferidas:
- Björk
- The Killers
- The Perishers
- The Frames
- Madonna
- U2
- Pearl Jam e Eddie Vedder
- Cesaria Evora
- Federico Aubele
- Placebo...

3 coisas que realmente quero agora:
- sushi;
- beijo (dele);
- abraço (dele).

3 lugares onde quero ir nas férias:
- Paris
- Roma
- Nova York (sempre).


Não vou intimar ninguém, quem quiser fazer, sinta-se à vontade.

Carta a Daniel 16


Querido Daniel,
sinto que me perdi. Em algum momento, em algum lugar, eu simplesmente me deixei levar por divagações e esqueci o que faço aqui. Será que tu poderias ajudar-me a lembrar?
Saturno passou por cima de mim como um trator. Ou um tanque de guerra. Ainda estou no meio da terra arada, no meio da poeira, sem saber ao certo se devo plantar algo aqui novamente. Racionalmente penso que o resultado de tudo isso deve ser bom, há de ser bom. Mas emocionalmente me sinto vazia, anestesiada. Quando consigo sentir algo, esse algo é apenas desolação. Eu vejo a terra mexida, eu vejo os restos do que havia ali antes, eu tento entender como aconteceu e não entendo. Será que tu poderias tentar entender? Para depois explicar-me?
Das várias coisas que eu pensei, eu pensei que não, que ele não merece isso. Eu não devo dar esse gostinho a ele. Um gostinho amargo de uma vitória que é na verdade uma derrota. Essas pessoas todas, quem elas pensam que são?
Iludo-me, eu sei. Essas preocupações comezinhas que me distraem de tanto em tanto, elas não têm qualquer base na realidade. A realidade é cinza. A realidade não tem essas cores que insistem em me ludibriar.
No entanto, a bem da verdade, não tenho força, não tenho vontade, e há dias em que me pergunto que energia misteriosa me leva a levantar da minha cama e ir até onde quer que seja, ainda que esse onde seja apenas a cozinha ou o banheiro... não sei que força estranha me move ao banho, a comer, a vestir, a afagar a gata, sinceramente não sei. Será que tu sabes? Se sabes, podes contar-me?
Sinto saudades tuas.
Um beijo com gosto de chá,

C.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sobre repetição

Terminei de ler A insustentável leveza do ser. Entrou pra minha lista dos melhores de todos os tempos. No livro ele diz que "happiness is the longing for repetition". Acho que realmente é. Que os bons momentos se repitam num looping infinito, é isso que queremos. Que a monotonia do Paraíso nos traga felicidade, e apenas isso. É um livro triste, também. E bonito, bonito.

Eu tinha 15 anos, e uma prima minha, uns 10 anos mais velha que eu, me disse que esse livro era o melhor que ela já tinha lido na vida. Na época, não sei bem por qual razão, resolvi locar o VHS e assistir ao filme. E achei o filme um lixo, chatíssimo. Claro, não entendi nada. Como eu com 15 anos de idade pretendia entender aquilo? Não havia como. Há certas coisas que voltam a nós quando estamos prontos para elas. E uma delas foi esse livro. 16 anos depois que eu deixei de ter 15 anos, e já vivi bastante coisa, o livro voltou pra mim quase como que por acidente, enquanto eu espiava livros na FNAC da Avenida Paulista, em busca de algo para ler no avião. R$14,90 por ele pareceu realmente tentador. E não há como resenhar esse livro, é necessário que você o leia e tire suas próprias conclusões. Ele contém lições de vida, ele fala de amor, é necessário absorvê-lo, ou melhor, sorvê-lo como a um líquido precioso e delicioso, aos pouquinhos, como se estivesse muito quente. Para conforme a temperatura dele for abrandando dentro de você, você passe a sentir o enorme prazer de ter ingerido algo especial.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Das unhas arranhando a tua pele

Eu caminhei pela Avenida Paulista numa manhã chuvosa e pensei que naquela cidade de 11 milhões de habitantes eu acharia alguém que se apaixonaria por mim, à primeira vista. Eu fui procurar um livro na Cultura e como numa cena de filme, um livro caiu do outro lado, alguém juntou e iniciou-se um diálogo.
O problema é que "não é assim que as coisas funcionam", e realmente não é. Poderia ter sido uma cena de filme, mas não foi. Foi apenas o cotidiano. A grande cidade. O clichê. O desespero nos olhos alheios exaspera e apavora. O desespero nos olhos alheios me fez ter medo e vontade de correr: correr para bem longe. Desculpe-me: não posso te salvar.
Eu não sei se eu sinceramente esperava que alguém me salvasse. Antes eu dizia isso, mas é quase impossível, é quase impossível. Seria como naquele episódio do House: convencido de que era um herói, ele pulou. Mas ele não podia voar, mesmo que realmente pensasse ser um herói. Ou ainda que fosse um herói.
Aí que as coisas retornam pra vida da gente, porque existem mensagens que devemos receber de alguma maneira. Nunca é tarde para elas. Eu me senti tal qual Tereza: eu sou fraca. Você é forte. Nosso amor não pode ser. Quanto a ele, seria justamente o contrário: ele é fraco, eu sou forte, nosso amor não pode ser.
Havia algo naquela cena, naquela casa, naqueles pés descalços. No calor, na barba por fazer. Depois haviam olhos pretos e esses olhos pretos sempre me causam espanto. Não sei se um dia vou conseguir deixar de ter um espanto natural com as mesmíssimas coisas.


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Einmal ist keinmal

Para você que me sugeriu palavras cruzadas...

"A single metaphor can give birth to love".
"For there is nothing heavier than compassion. Not even one's own pain weighs so heavy as the pain one feels with someone, for someone, a pain intensified by the imagination and prolongued by a hundred echoes".
"...necessity, weight, and value are three concepts inextricably bound: only necessity is heavy, and only what is heavy has value".
"But when we ignore the body, we are more easily victimized by it".
"If a mother was Sacrifice personified, then a daughter was Guilt, with no possibility of redress".
"If a love is to be unforgetable, fortuities must immediately start fluttering down to it like birds to Francis of Assissi's shoulders".


Milan Kundera - The Unbearable Lightness of Being (A insustentável leveza do ser). Li ontem, até a página 131. (Uma dica: esse livro tá R$14,90 na FNAC).

terça-feira, 24 de novembro de 2009

When you were young

Isso passou. E eu cansei.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mudando o visual

Tô aqui testando um visual novo pro blog e umas funcionalidades novas do blogger. Tem um editor novo de postagens, parece interessante.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Desafio Literário 2010 - algumas coisas



Eu já sou rata de biblioteca há tempos. Mas agora que eu anoto tudo que eu gasto, fui fazer um levantamento e descobri que do dia 9/2/9 ao dia 14/11/9, eu gastei nada mais, nada menos, do que R$1.126,76 com livros. UAU! E depois dizem que não se vende livros nesse país. A maior parte foi literatura mesmo, alguns jurídicos e tal, mas o grosso foram livros de literatura.
Mas como resistir, me digam?
Fui sábado no Barra Shopping, entramos eu e o namors na FNAC pra dar uma olhadinha e quando ele viu, lá estava eu agarrada em livros e mais livros... fala sério, essas belezinhas da foto por preços como R$14,90 e R$23,90?? Eu fui obrigada a levar, né? Espiem no site da FNAC que tem livros por R$9,90!!
E pra quem quer participar do desafio literário, as regras estão aqui. E minha lista de livros está aqui.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Carta a Daniel 15


Querido Daniel,
estás quase deixando de existir. Transformado em fumaça, apenas tenho uma vaga noção de como era teu sorriso. Pergunto-me, diariamente, onde e quando e porquê ficamos assim: tão covardes. Algo de muito ruim, de muito sujo, de muito escuro deve ter acontecido em algum momento e, tomados pela surpresa, não conseguimos absorver de todo a tragédia, de maneira que ela penetrou nosso sangue, pouco a pouco, tornando-o podre e viscoso demais para continuar correndo em nossas veias.
Pergunto-me se poderemos fazer algum tipo de diálise que possa limpar nosso sangue, torná-lo vermelho, fluído, para que nosso organismo possa funcionar com perfeição novamente. Mas é difícil enxergar com sangue negro nos olhos. É difícil prosseguir com o coração pesado. As pernas parecem pedras, estão roxas e endurecidas.
Pergunto-me onde estarás, no que estarás pensando. Não que faça alguma diferença. No momento me parece que nada faz diferença e se o mundo acabar amanhã, bem, acabou. Não haverá ninguém depois disso para dizer que era alguma maldição da sexta-feira 13. Tudo deixará de existir e, por isso mesmo, nada importará. Pensar em ti apenas me distrai de pensamentos negros. E nem mesmo isso importa.
Um beijo salgado,
C.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Diálogo


Mãe- era aquele cara, o dono da praia de nudismo.
Eu -mmm, não sei quem é.
Mãe - o dono da praia do Pinto.
Eu- Pinho, mãe, PI-NHO.
Mãe - (caindo na gargalhada) achei que a praia de nudismo era a praia do Pinto.

sábado, 7 de novembro de 2009

Lista do desafio literário 2010


Agora vai a lista definitiva para o Desafio Literário:

Janeiro
(Um livro da Nova Cultural ou da Harlequin)

Escolhido: Ok, fui na Feira do Livro hoje e comprei Ratos e Homens, de John Steinbeck, Nobel de Literatura de 1962, edição pocket by L&PM Editores. Foto aqui.


Fevereiro
(Um livro que nos remeta aos contos de fada)

Escolhido: Onde vivem os monstros, Maurice Sendak
Na reserva: As Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis


Março
(Um clássico da Literatura universal)

Escolhido: Alice in Wonderland, Lewis Carroll
Na reserva: Crime e Castigo, Fiodor Dostoievski


Abril
(Um livro de escritor(a)Latino-Americano)

Escolhido: Histórias fantásticas, Adolfo Bioy Casares
Na reserva: Papeles inesperados, Julio Cortazar


Maio
(Para aliviar, vai aí um Chick-lit)

Escolhido: Confessions of a Shopaholic, Sophie Kinsella
Na reserva: Size 12 is not fat, Meg Cabot


Junho
(Um livro de uma escritora brasileira)

Escolhido: Pó de Parede, Carol Bensimon (resolvi prestigiar uma gaúcha)
Na reserva: Máquina de Pinball, Clarah Averbuck (idem) (uma dica: dá pra ler ele na internet aqui)


Julho
(Um livro adaptado para o cinema)

Escolhido: About a boy, Nick Hornby
Na reserva: O guia do mochileiro das galáxias, Douglas Adams


Agosto
(Um romance policial)

Escolhido: Predador, Patricia Cornwell
Na reserva: Dexter, a mão esquerda de Deus, de Jeff Lindsay


Setembro
(Um romance histórico)

Escolhido: Papisa Joana, Donna Cross
Na reserva: As vinhas da Ira, John Steinbeck


Outubro
(Um livro que contenha uma lição de vida)

Escolhido: Julie & Julia, Julie Powell
Na reserva: O Maior Vendedor do Mundo, de Og Mandino


Novembro
(Um livro de escritor(a) de Portugal)

Escolhido: Caim, José Saramago
Na reserva: Cal, José Luís Peixoto


Dezembro
(Um livro (ficção ou não ficção) que tenha a palavra “Coração” no título)

Escolhido: No coração das trevas, Joseph Conrad
Na reserva: Coração de Tinta, de Cornelia Funke

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Desafio Literário 2010 - 2a parte

Prévia da lista de livros:

Janeiro - Confessions of a Shopaholic, Sophie Kinsella
Fevereiro- Onde vivem os monstros, Maurice Sendak
Março- Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll
Abril- Histórias fantásticas, Adolfo Bioy Casares
Maio- um chick-lit, alguma sugestão?
Junho- escritora brasileira, alguma sugestão? Não vale Martha Medeiros (já li muito e não gosto), acho que vou acabar indo de Perto do Coração Selvagem, da Clarice Lispector.
Julho- Reparação, do Ian Mcewan --> Agora fiquei em dúvida... passei pela CCMQ hoje e descobri que os Contos de Canterbury, um clássico da literatura inglesa, também virou filme. Tenho esse livro há tempos, comecei a ler e parei porque tenho ele no texto original, isto é, em inglês arcaico, é meio complicadinho de ler... mas de repente era uma boa hora pra tentar de novo. Que acham?
Agosto- ia ser o Snuff, do Palahniuck, mas eu já tô na metade, e ele é muito bom, então fica em aberto. Sugestões?
Setembro- romance histórico, sugestões?
Outubro- um livro que contenha uma lição de vida... affe... não sei!
Novembro- decidi pelo Caim, do Saramago
Dezembro- decidi pelo No coração das trevas, do Joseph Conrad.

Leituras 2009



Aproveitando o ensejo do desafio literário 2010, comecei a fazer uma retrospectiva das minhas leituras deste ano. Está meio incompleto porque eu realmente não lembro do que eu li bem no começo do ano, mas comprei, em abril, este lindo caderninho pra anotar trechos de livros lidos, livros emprestados, lista de desejos e etc. Ele me deu algumas pistas.
Então lá vai:

- Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert.
- O Aleph, José Luís Borges.
- Leite Derramado, Chico Buarque.
- Budapeste, Chico Buarque.
- Cleo e Daniel, Roberto Freire.
- A Long Way Down, Nick Hornby.
- os 3 livros da coleção Millenium, de Stieg Larsson:

* Os homens que não amavam as mulheres
* A menina que brincava com fogo
* A rainha do castelo de ar

- Esboço para uma teoria das emoções, Jean Paul Sartre.
- O Código da Inteligência, Augusto Cury.
- O avesso da vida, Philip Roth.
- O livro dos Manuais, Paulo Coelho.

Estou lendo: Size 12 is not fat, de Meg Cabbot.

Começados e não terminados:
- Contos Completos de Virginia Woolf.
- O sequestrado de veneza, Jean Paul Sartre.
- O livro dos abraços, Eduardo Galeano.
- As I lay dying, William Faulkner.
- Snuff, Chuck Palahniuck.
- Papeles inesperados, Julio Cortazar.
- Histórias fantásticas, Adolfo Bioy Casares.
- Frenesi Polissilábico, Nick Hornby.
- A Arte da Vida, Zygmunt Bauman.
- O diário de Zlata, Zlata Filipovic.

Bom, os Contos Completos, O livro dos abraços, Papeles inesperados e Histórias Fantásticas são livros de contos, e por isso eu estou lendo aos pouquinhos, um conto aqui, outro ali, no meio das outras leituras. Acho que tá bom. O Bioy Casares ficou pro desafio literário 2010, mês de abril.

Na espera:
- 5 minds for the future, Howard Gardner.
- The sound and the fury, William Faulkner.
- Light in august, William Faulkner.
- A arte de ter razão, Arthur Schopenhauer.
- A arte de conhecer a si mesmo, Arthur Schopenhauer.

(Esse ano o que eu mais fiz foi comprar livros... sem contar os jurídicos, que não vou listar aqui)

Vi agora que eu tenho o Reparação, do Ian Mcewan, que foi adaptado para o cinema. Comecei a ler e achei muito lento... mas tá, tenho já um livro para o desafio literário 2010, mês de julho! o/

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Desafio Literário 2010


O Desafio Literário 2010 (By RG) visa:

1) Incentivar a leitura. Isso mesmo! Porque o desafio é ler 12 livros em 12 meses, ou seja, um livro para cada mês do ano. Ao final do ano, a leitura de 12 livros já está garantida. Sei que muitas de vocês podem quadruplicar essa lista em dias. Mas, enfim, o desafio que proponho é mais comedido nesse sentido.

2) Promover o conhecimento de novos autores e livros pouco conhecidos bem como congraçar os leitores convertidos em blogueiros e leitores sem blog também. Um ano de confubação de leituras em clima de unidade, não é uma boa?

3) Fazer com que nos lembremos dos livros soterrados nas pilhas que temos em casa e que cresce progressivamente a cada ano.

O desafio Literário consiste em cumprir a agenda abaixo:


Agenda do Desafio 2010 By RG


Janeiro – Para facilitar a vida de todas, leituras rápidas para o primeiro mês do ano. O desafio é ler um Romance de Banca ao estilo da Nova Cultural, Harlequin, entre outras. Vale qualquer segmento, Clássico Históricos, Momentos Íntimos, Júlia, Sabrina, etc…Tenho certeza que você tem um livro na pilha esperando para ser lido. Portanto não há desculpas. -->Um da Shopaholic que eu tenho aqui e ainda não li.

Fevereiro – Um livro que nos remeta aos contos de fada. È baba! Nem tudo é inovação. Há muitas histórias baseadas nos contos de fadas. Patinho Feio, A bela e a fera, Cinderela… -->Onde vivem os monstros, comprei hoje na Feira do Livro, mas vou deixar guardado.

Março – Um clássico da Literatura universal. Só vale aquele que você nunca leu na vida. Sabe aquela coleção em destaque na estante que está lá só para fazer bonito? É lá que você vai pescar esse. -->Alice no País das Maravilhas. Comprei a edição original, em inglês, com lindíssimas ilustrações, mas só li um pedaço.

Abril – Um livro de escritor(a)Latino-Americano. Leitura inédita só para lembrar! -->Um de contos do Bioy Casares que eu li só um conto.

Maio – Para aliviar, vai aí um Chick-lit. O mar está para peixe no que diz respeito ao gênero. -->Sugestões, alguém? Talvez o Melancia...

Junho – Um livro de uma escritora brasileira. --> Qualquer uma que não seja Martha Medeiros, podem me dar de presente de aniversário!

Julho – Um livro adaptado para o cinema. O que mais há ultimamente! -->Vale Onde vivem os Monstros?? hehehehe Alguém tem alguma sugestão?

Agosto – Um romance policial. Vale os autores mais clássicos ou autores do romance “romântico” policial. --> Posso guardar o Snuff pra agosto do ano que vem, então.

Setembro – Um romance histórico. Cá entre nós, esse gênero é o queridinho de muitas! --> Esse me pegou! Sugestões?

Outubro – Um livro que contenha uma lição de vida. Pode ser ficção ou não-ficção. Viu como facilitei? --> Idem. Sugestões?

Novembro – Um livro de escritor(a) de Portugal. Com a aproximação ortográfica porque não uma aproximação literária? -->Lobo Antunes ou José Luís Peixoto... o que eu encontrar primeiro.

Dezembro – Um livro (ficção ou não ficção) que tenha a palavra “Coração” no título. -->Perto do Coração Selvagem, da Clarice Lispector, ou No coração das Trevas, do Joseph Conrad?


É tudo uma brincadeira divertida. E como toda boa brincadeira há que ter regras (as regras ainda estão em fase de elaboração, posso acrescentar mais coisa…mas, o básico é isso aí). Vamos a elas:

· Para participar você precisa, do dia 19 de outubro até o dia 15 dezembro, elaborar sua lista dos livros para cada mês. Essa lista deverá ser postada em seu blog para que todos os participantes possam ver. Quem não tem blog: ou envia a lista para mim via email ou poste na comunidade do Desafio Literário cujo convite enviarei só para quem confirmar a participação aqui no post.

· Você pode criar uma lista alternativa de no MÁXIMO 12 livros que poderão substituir os livros de sua lista original. Essa lista também deverá ser postada em seu blog.

· Após o dia 1º de janeiro, você NÃO pode mudar sua lista!!!!

· Audiobooks e Ebooks são permitidos.

· Releituras estão fora do objetivo do desafio. Portanto, não serão permitidas. Claro que contarei com a sinceridade dos participantes.

· A coincidência de lista ou livros entre os participantes é permitida.

· Os participantes que têm blog deverão postar o Button e o link do Desafio Literário By RG em seu blog. Assim, identificamos quem está dentro e divulgamos o desafio. (O Button é a imagem desse post!)

· Na última semana de cada mês, os participantes deverão postar em seu blog uma opinião pessoal do livro escolhido do mês.

· Mesmo depois de iniciado, o desafio permanecerá aberto para quem quiser participar. No entanto, a participação se dará no mês subseqüente ao desafio corrente.

· Opcional: Se quiser, você pode ingressar na comunidade criada para os participantes do Desafio Literário by RG. Lá você terá onde guardar e compartilhar sua lista e opinar sobre os livros lidos com as demais participantes. Também relataremos o processo e o progresso de nossas caçadas e nos conheceremos melhor. Para quem não tem blog pessoal é interessante ingressar nessa comunidade. Confirmando aqui, eu envio o convite, ok?

Antes de confirmar sua participação no desafio, pondere bem. Não o faça porque eu convidei ou por empolgação. Pois, contarei com o engajamento, responsabilidade e compromisso de quem disser sim.


PS: Não é necessário seguir e nem assinar o newsletter do RG para participar do Desafio Literário.

Quer participar? Então, confirme sua participação no comentário desse post. Informe seu nome e blog, se tiver.

PS2: Quem não tem blog, pode e deve participar. Para isso, envie sua lista definitiva para o email rgbyvivi[arroba]romancegracinha.com ou ingresse na comunidade Desafio Literário. (Atenção para todos os que confirmarem a participação aqui nos comentários desse post, eu enviarei o convite da comunidade. Aliás, é na comunidade que você poderá compartilha sua lista com os participantes do desafio).

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Carta a Daniel 14


Querido Daniel,
com o tempo, eles deixam de ser pessoas. Passam a ser memórias. E na memória podem ser quem nunca foram, nem serão. Os rostos ficam distantes, e começamos a trocar a cor dos seus olhos. Uma anedota deixa de ser tão engraçada e não lembramos mais quem foi que a contou.
Porque o tempo faz os amores arrefecerem, cederem, dobrarem-se. Perdem quase todo seu significado. E as pessoas que deixamos de amar perdem suas cores. Perde-se o cheiro de sua pele, o calor de seu abraço.
E aquela idéia de conhecer alguém quase tão bem quanto a si mesmo cai no vazio, no escuro, deixa de ser plausível, passa a ser mero devaneio juvenil.
Eu acho que a modernidade fez isso conosco: nos desvinculou. Trocamos de amores como quem troca de roupa, ainda que isso nos magoe e nos deixe sem rumo. Não podemos mais esperar passar a vida ao lado de quem amamos, porque esse amor se desfaz como açúcar na água. Ainda se pudêssemos aquecer tal mistura, obter uma calda que virasse depois um caramelo, doce e duro, tanto mais perene, um pouco mais difícil de dissolver. Mas não há como fazer isso, ou ainda não aprendemos a fazê-lo. Então a água leva o açúcar embora e no máximo aparece uma outra ou outra formiga a tentar lamber o açúcar que não mais está ali.
Meu coração partiu e desde que ele partiu, eu não sei mais respirar direito.
Conta-me do teu coração.
Um beijo com sabor de regoliz,
C.


(OBS. A carta número 13 foi extraviada pelos correios)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um vampiro nunca entra sem ser convidado


O mesmo disco. A mesma música. O mesmo risco no disco.
O mesmo disco. A mesma música. O mesmo risco no disco.
E, no entanto, você coloca o disco para tocar, sabendo que a agulha vai parar no risco e aquele mesmo verso da canção vai repetir. Repetir. Repetir.
Mudam os atores. Não muda o espetáculo.
Muda o cenário. Não mudam as falas.
Quem você é não importa, desde que cumpra o seu papel. Não ouse sair dele. Na verdade, você não pode ousar sair dele porque não sabe que o faz.
As minhas unhas crescem, meu cabelo cresce, hoje sou mais velha do que ontem, mas mais jovem que amanhã. Vesti-me de princesa e fiquei bem, mas não pude partilhar isso com você.
Lembrei-me daquele homem a amparar uma mulher. A mulher dele. Pensei nisso: amparo.
Alguma vez você se sentiu amparado? Soube onde procurar refúgio?
Não é mesmo infinitamente triste procurar abrigo e ter de dormir ao relento?
Eu dormiria na beira da praia, olhando para o mar até meus olhos fecharem sozinhos, mas eu não precisei. Um estranho me estendeu a mão enquanto os seus pensamentos não estavam em mim.
Eu estava triste por você estar aqui e não estar. Agora talvez você queira estar aqui e para mim já não importe. Tudo o que eu disse antes não deixou de ser importante, mas eu sinto que a mensagem ainda não foi completamente e corretamente interpretada/absorvida/analisada/ processada.
Não ouse fugir ao seu papel porque isso faria com que eu tivesse de replanejar o meu. Buscar as pedras para reconstruir o meu castelo, que vem ruindo desde o momento em que percebi ser marionete de mim mesma. Ainda não cortei todas as cordas que me prendem àquilo que eu achava que era. Você se enredou nas cordas soltas e não sabe como fazer para cortar as suas próprias cordas. Use a cabeça: compre uma tesoura.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Todo fim é um começo


Até que o derradeiro fim chega.
Eu queria não focar a minha raiva em você, e de repente me pergunto o porquê disso. Se foi algo que você fez, porque eu não posso sentir raiva de você? Tenho mesmo de ser sempre coerente, justa, bondosa? Ou posso gritar e surtar e atirar os sabonetes em você? Jogar você e os seus sabonetes comprados de última hora e sem o menor carinho porta afora?
É difícil entender uma pessoa tão dupla quanto eu. Que quer e não quer, que ama e odeia, que chora e ri. Quase tudo ao mesmo tempo.
No mais das vezes, eu quero que você adivinhe. Ainda não acho tão difícil. Sensibilidade é a palavra, e é uma coisa bem difícil de atingir. Requer paciência e dedicação. Como diria o Pequeno Príncipe: foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez dela tão especial.
Você precisa se entregar tanto quanto quer a entrega do outro. Não é amor incondicional, é apenas reciprocidade.
Fato é que certas coisas me enfastiam. Você é duro consigo mesmo e acaba sendo também comigo. É um erro. Aliás, dois erros. Uma perda total do meu tempo, do seu tempo, do nosso tempo. Eu faço outros planos. Eu alço voo. Não sei quando voltar. Não sei se quero voltar.
Mas não me telefone. Não pense em mim. Não me procure. Não faça promessas, especialmente quando não se quer de verdade prometer. Não diga que quer fazer o amor suplantar o ódio nos meus sentimentos conflitantes. Não havia sentimentos conflitantes. Eu quis mesmo gostar de você. Mais: eu quis mesmo amar você. Você não deixou. Então não queira mais. Há muito de verdade e muito de mentira no que eu escrevo. Há muito mais verdade no que eu deixo de escrever e no que eu deixo de dizer. Havia uma dor muda no meu coração, mas mesmo os mudos podem ser ouvidos se tivermos um pouco de atenção. Foi preciso dizer "vá embora", para que você quisesse ficar. E aí tudo perdeu um pouco do sentido pra mim.
Talvez você não goste do que eu escrevo, da maneira como escrevo. Mas não há espaço para bobagens aqui. Eu radiografei a minha alma e te dei num envelope de presente. Começou a chover e o dia virou noite. Porque talvez esse envelope nunca tenha sido entregue, mas você sabia que ele existia e fingiu não perceber.
Você pode me criticar mas eu concluí que você, na verdade, não sabe quem eu sou. Apenas pensa que sabe. Não é mesmo triste isso?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eu sabia


Você saiu daqui sem dizer nada. Voltou, e também não disse nada, mas afinal você tinha a chave e podia entrar e sair a hora que bem quisesse. Um dia a minha dor vai te marcar, mas por enquanto você acha que eu não sinto nada simplesmente porque não consegue entender. Você veio aqui e não disse nada achando que não dizer nada era dizer tudo na medida em que eu realmente não ficaria sabendo da sua vinda.
Mas eu sei.
Eu sinto a sua ausência quando faz pouco tempo que você saiu. E às vezes também quando faz muito tempo. Tudo são coisas que você não percebe porque perceber exige sensibilidade. Você tem sonhos sem cor. Você tem sonhos desconexos. Você acha que todos os meus sonhos são mentira porque são coloridos demais e têm começo, meio, e fim, ainda que não necessariamente nesta ordem.
Você não entende que para ser amado é preciso amar. Você não entende que para que outro te toque é preciso tocar primeiro. É preciso abraçar primeiro e falar, e sorrir, e oferecer calor. É preciso querer a presença do outro para que o outro queira a sua presença.
Aí eu ouço palavras que me destroem: ternura, preocupação. E onde estão essas coisas, afinal?
Aí coisas muito mais práticas me afligem e tudo são coisas que você poderia entender se quisesse, mas isso demandaria uma intimidade por demais pertubadora para você. E aí eu fico só. E me sinto só. E o que mudaria isso? Estar efetivamente só.
Porque você haveria de concordar comigo, dentro de toda lógica, que estar realmente só é sempre melhor do que não estar só e mesmo assim sentir-se só. Porque eu digo as coisas querendo dizer exatamente o que eu digo e o problema, o grande problema, é quando alguém tenta interpretar o que realmente não precisa de interpretação.
Fórmulas mágicas... se elas efetivamente funcionassem nós não teríamos contradições. Não haveria um dia de sim e outro de não. Porque tudo funcionaria muito bem, como mágica!
Aí hoje eu caminhei, sabe? No escuro, e sozinha. E não precisava ser assim, eu sei que não precisava, mas não depende só de mim, realmente, não depende. E talvez eu queira mesmo demais, mas ainda há algo em mim que acredita, piamente, que você pode acertar nas coisas fáceis também, já que acerta nas difíceis. Deveria ser o contrário, que é o mais comum, mas estranhamente não é. Ainda assim, talvez não seja o bastante. Não é o bastante.
Eu sabia e mesmo assim não pude me evitar o sofrimento. Talvez eu goste mesmo de sofrer. Porque a sutileza faz parte da minha personalidade, e sendo assim posso dizer: é o meu jeito. E mesmo assim eu ainda consigo falar algo. O problema é quando não existem perguntas. Se elas não existem, não há o que responder. Eu poderia ir adiante, mas cansei.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Uma carta para Cléo


Querida Cléo,
Não sinta tanto medo. Seu mundo não está em colapso. Ele apenas está se transformando. Você está deixando de ser quem era, para ser você mesma.
Eu sei que tenho lhe deixado um tanto na mão. É um processo pelo qual nós dois estamos passando agora. Você é forte, e você consegue aguentar. Você não está sozinha. Você precisa lembrar de que não está sozinha. Há muitas pessoas ao seu redor que lhe amam e se preocupam com você.
Embora eu não esteja ao seu lado fisicamente, meus pensamentos estão. Eu beijo as suas mãos, eu lhe faço cafuné. Eu lhe abraço e digo: vai ficar tudo bem.
Você sabe que vai, por mais difícil que seja acreditar nisso. Você sabe que você merece que tudo fique muito bem.
Eu sei que não tenho respondido às suas cartas. Sei que isso lhe entristece. Mas não fique triste. Você tem tantos motivos para sorrir, muito mais motivos do que eu.
Guarde aquela pedrinha para mim. Eu prometo que vou buscá-la.
Com carinho,
D.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Questions


HOW?



Am I? Says who?



Actually, no, I don't. Do you?

sábado, 3 de outubro de 2009

Song for me

So today I wrote a song for you
Cause a day can get so long
And I know its hard to make it through
When you say theres something wrong

So Im trying to put it right
Cause I want to love you with my heart
All this trying has made me tight
And I dont know even where to start

Maybe thats a start

Cause you know its a simple game
That you play filling up your head with rain
And you know you are hiding from your pain
In the way, in the way you say your name

And I see you
Hiding your face in your hands
Flying so you wont land
You think no one understands
No one understands

So you hunch your shoulders and you shake your head
And your throat is aching but you swear
No one hurts you, nothing could be sad
Anyway youre not here enough to care

And youre so tired you dont sleep at night
As your heart is trying to mend
You keep it quiet but you think you might
Disappear before the end

And its strange that you cannot find
Any strength to even try
To find a voice to speak your mind
When you do, all you wanna do is cry

Well maybe you should cry

And I see you hiding your face in your hands
Talking bout far-away lands
You think no one understands
Listen to my hands

And all of this life
Moves around you
For all that you claim
Youre standing still
You are moving too
You are moving too
You are moving too
I will move you

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O não amar


Junte os restos de mim e atire no mar. Junte o que ainda sobrou e dissolva na água salgada e gélida. Não deve restar nada. Eu preciso me fundir ao que há de muito maior. O oceano é como o espaço: infinito, misterioso, origem de criação e destruição. Mesmo assim eu tenho medo. Ainda que as coisas não precisem de sentido. Eu tenho medo e o medo apenas me faz sofrer um pouco mais. O medo não me previne de nada. O medo também não me impede de nada. Uma coisa é certa: a vida é muito melhor lá. Ainda que as pessoas também sofram, chorem, percam, morram. Porque há uma dignidade ancestral lá que a nós é estranha, quase intransponível.
Junte os restos de mim e atire no mar. Me deixe ir. Não há razões para o meu ficar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

E então toca algo que me toca...

It doesn’t matter where you’ve been – how far
It doesn’t matter how run down you are
Or if there’s nothing perfect left in your heart
No, it all means nothing, it all means nothing, it all means nothing at all, at all

I’ve told you every selfish lie I know
I’ve taken falls from dizzy heights - I’ve let go
But there is a simple truth to find below
Where it all means nothing, it all means nothing, it all means nothing at all, at all

I’m on the edge for you
Losing my head for you
I’m in the red for you
Tonigh, tonight
Until my hopes fall through
There’s nothing else I can do
I’m in the red for you
Tonight, tonight
I’m on a rescue

Love is a thousand shades of grey – and we know
There’s not a safe or certain way to go
But when we’ve seen all, uneasiness and hate, it will show
That it all means nothing, it all means nothing, it all means nothing at all, at all

I’m on the edge for you
Losing my head for you
I’m in the red for you
Tonigh, tonight
Until my hopes fall through
There’s nothing else I can do
I’m in the red for you
Tonight, tonight

Until my hopes fall through
There’s nothing else I can do I’m in the red for you
Tonight
I’m on a rescue....

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Nós não queremos...


A felicidade de nossos filhos. Nem um mundo melhor. Nem menos hipocrisia. Nem mais liberdade. Queremos apenas que eles sejam quem não fomos porque não quisemos, com a desculpa de não termos tido meios. Os meios ainda estão lá. As mãos ainda dobram os dedos e podem pegar pedras. Então as atiramos contra os nossos, mas não contra os inimigos. Eles são todos imaginários. Fingimos não perceber. Entramos no ciclo da loucura. Deixamos o medo dominar as nossas mentes. Se há algo que se pode aprender com um psicopata é a não ter medo. O medo é praticamente desnecessário quando se tem infinitas possibilidades. Não precimos matar e correr. Podemos viver, sim, podemos viver. No entanto, escolhemos o escuro e a umidade quente da caverna. Não queremos ver a luz, porque é preciso acostumar os olhos. Não queremos acostumar os olhos. A espiral, a espiral, é fácil cair nela. Volte, eu digo. Volte. Ainda há tempo. Eu morrerei antes de ti, já pensaste nisso? Não há nada de errado em buscar a felicidade.

You loved me because I am fragile, and I thought that I was strong.
Agora posso ser frágil e forte. E posso ser tudo que eu quiser.


Tu precisas aceitar que eu não sou a pessoa que tu não foste. Eu sinto muito pela pessoa que tu nao foste. Ela morreu. Ou melhor, foi natimorta. Enterre-a, por favor.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Carta a Daniel 12


Querido Daniel,
hoje pensei em te atirar na cova, aos leões. Não sei bem o que pretendo com isso. Não sei bem se os leões são de verdade. Talvez sejam gatinhos e eu esteja enxergando mal por causa da chuva e do escuro. Talvez eu ainda veja os mesmos fantasmas de sempre, mesmo que não me assuste mais com suas correntes.
Eu te mandaria uma rosa vermelha, sabes? Mas vais ter de te contentar com uma pedrinha branca. Alba notanda lapillo... Etretat é cheia de pedras brancas, para que todos possam guardar o dia que chegarem lá. Um dia feliz.
Fora isso, beberei vinho todos os dias. E sorrirei. Dessa vez vai ser diferente porque dessa vez eu quero, e é algo para mim, apenas para mim.
Hoje eu gostaria de cortar fora toda a minha pele, com uma lâmina bem afiada. Queria uma pele nova, um olhar novo, um sorriso novo. Mas sei que amanhã estarei novamente confortável comigo mesma. Como está a tua pele, Daniel? Te sentes bem nela?
Agora passo a vê-lo mais como homem, menos como menino. Antes havia algo que me impedia de vê-lo como homem. Era tão só um menino. Bobo como todos os meninos. Não sei dizer o que mudou.
O conflito é a falta de amor, sabias disso? É o não amar. O não amar que ainda me atormenta, às vezes. Eu disse: eu quero te amar. Não sei se isso foi ouvido. Aí as palavras se perdem no vento, talvez percam também o sentido. Talvez tudo, no fim, seja nada.
Um beijo machucado,
C.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Porque não passaria disso.


Ou, sei lá. Também.
Focalize nos fatos.
E o fato é que isso pode acontecer porque eu realmente não acho nada demais. Talvez outras pessoas achassem big deal, ficassem com raiva, essas mulherzices todas que eu ainda não compreendo na totalidade. Free will, people. Free will. O que importa mesmo é franqueza. Lealdade.
Porque ele canta:

Need not to reach for the stars,
when life becomes so dark
and when the wind
does flow against the grain
you must follow your heart


E eu acho isso: siga seu coração. Brabo é essa esperançazinha idiota. Brabo é o reforço negativo. Sim, eu preciso, mesmo que não precise. Porque não adianta me dizerem isso, ou aquilo. Não fazem 15 anos que deixei de ser criança e a modernidade chegou, implacável. Só que ela ainda não é à prova de vento, que piada.
Será que eu saberia dizer quem eu sou? Formalmente, materialmente e analiticamente? Tu saberias?
E dê-lhe Rolling Stones. Gimme shelter, will you?
De novo: atenha-se aos fatos. Eu não tenho do que reclamar. Tu tens?
Acabou o papel para escrever cartas. Não sei quando vou ter tempo de comprar. Ficaremos neste hiato, tudo bem?

sábado, 29 de agosto de 2009

Carta a Daniel 11


Querido Daniel,
lembra aquilo que falaste sobre nosso amigo? Aquele que sabe se proteger?
Balela. Ridículo.
Tu sabes, eu sei, ele mesmo sabe: não sabemos nos proteger. Achamos que evitar é uma maneira de nos protegermos, mas não é. Apenas evitamos, e mesmo assim não deixamos de sentir.
Um homem me escreveu uma carta, uma vez. Ele contou tudo o que ele gostava a meu respeito. Eu sempre soube que ele tinha sido a única pessoa no mundo que um dia viu quem eu era. Sabe o que eu fiz? Eu joguei a carta fora.
Medo.
E isso me protegeu?
Não. Só me fez sentir raiva de mim mesma.
Será que algum dia alguém escreverá outra carta parecida? Tudo me leva a crer que não. Tu achas que outra pessoa te escreveria cartas como eu?
Tu achas que realmente te proteges de alguma coisa?
Seremos atropelados, tu e eu.
O pior mesmo é que eu disse: tu já estás envelhecendo. Mas pelo jeito eu sequer ouço meus próprios conselhos. Porque não queremos ficar sozinhos, não queremos ficar sozinhos.
"Eu não preciso disso", ela me disse. Eu ri. Tu achas que não precisas também, não é mesmo? Mas mesmo assim não queres ficar sozinho.
Um amigo falou que precisa de carinho, amor e futuro. Não precisas? Não preciso? Mas é justamente essa mania indecente de ficar tentando adivinhar o futuro que me faz adoecer. Que te faz adoecer.
Desculpe-me se ainda tento ler o que não escreves. Se ainda tento ouvir o que não dizes. Megalomania. Tudo isso é porque insisto em gostar de ti. Fantasma que arrasta correntes aqui, dentro de mim. Meu coração explodiu, te contei? Verdade. Agora eu tenho uma colagem no peito, pedaços costurados, papel roto, sangue escuro.
Porque quando ele está aqui eu o amo. Mas se não está, é tudo negro. Sabes o que é isso?
Pode ser como me disseram: drama. Eu li num livro que isso é uma "janela killer", deve ser mesmo a vontade de morrer. Agora eu nem sinto mais.
Eu sei que faço drama, só que às vezes não consigo evitar. Ao menos eu não sinto tanto quanto antes, eu consigo explicar. Só não sei se sou entendida. Mas é mesmo simples, muito simples: cafuné, abraço e shhhhh. Cale a boca. Só isso. Chega de dizer bobagens, não acha?
Porque quando eu digo que não quero que me escrevas é porque meu coração, tolo, tem no fundinho a esperança infantil de receber uma carta tua.
Com amor e gosto de cereja,
C.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Há 7 anos


Em 1º de agosto de 2002:

Tem horas que eu canso de ser essa criatura amorfa e politicamente correta que eu sou. Canso de sempre tentar apaziguar, conciliar, não me irritar, não me decepcionar. Tem vezes que eu me irrito e pronto. Fico furiosa com certas coisas. E sim, tem vezes que essas coisas são bobagens, dali dois segundos já nem vou lembrar porquê estava irritada, mas às vezes não dá pra ser tão racional, pra ser tão desprendida. Não acho que eu deva ser tão altruísta a ponto de abrir mão de tudo, de me comportar como o ser mais feliz da face da terra quando estou me sentindo um lixo. Não quero brigar, não quero discutir, mas às vezes não posso evitar de ficar chateada, e também não posso evitar demonstrar o que eu estou sentindo. Detesto essa gente que se diz sincera, acho que quem é sincero demonstra isso em ações. Eu não gosto de me vangloriar das minhas qualidades e tento superar meus defeitos. Mas não quero ser perfeita, porque não acredito em perfeição. Os defeitos de alguém, defeitinhos, não coisas graves, obviamente, são o que fazem de cada um diferente, especial.
Acho que eu tenho direito de ficar triste e querer colo de vez em quando. Não quero ser um fardo, mas eu sou gente também. Não dá pra ter sangue de barata todo o tempo. Eu não consigo. Eu tô com medo. De te perder.

Não tenho mais medo de te perder.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Carta a Daniel 10


Querido Daniel,
hoje vou te escrever sobre mim. Pode parecer estranho, mas a realidade é que nunca te escrevo sobre mim. É sempre sobre ti. Mas hoje é diferente.
Sabe, no fundo, deve ter sido inveja, por mais que me seja difícil admitir. Deve ter sido inveja mesmo, e isso me faz sentir extremamente envergonhada. Eu disse pra uma amiga que a gente não deve ter vergonha de coisas que não são nossa culpa. Eu sei que não é minha culpa, embora no fundo talvez seja.
A inveja era porque eu tenho certeza de que não seria do mesmo jeito comigo. E eu gostaria muito que fosse. Não seria e isso não me impede de nada, talvez só dificulte um pouco mais, e eu não fiz nada e fiquei apenas sentindo pena de mim mesma e inveja alheia.
Depois tinha a história do café. Era mesmo muito boa embora não faça sentido nenhum. Eu comecei a história e depois esqueci onde eu queria chegar com ela e é bem provável que não fosse necessário chegar a lugar algum. O que importava era a história de como eu conheci aquele café numa madrugada quente em São Paulo, no quanto a companhia me fez bem e no quanto eu me senti sozinha e deslocada naquele fim de semana que acabou se repetindo em Curitiba 3 anos depois, no mesmo café, que acabou se repetindo mais 3 anos depois, de novo em São Paulo e acabou não se repetindo, mais 3 anos depois, na mesma Curitiba. Essa coisa de me sentir sozinha e deslocada. Curitiba não me fez mais sentir assim. 3 anos depois. Eu me senti bem, eu me diverti, eu senti que alguém teve saudades de mim.
Mas me fez ver o quanto de horror, mágoa e raiva ainda existe. A ponto de eu acordar no meio da noite sendo afogada por uma água salgada e fria de um oceano de decepção que eu ainda levo dentro de mim.
Me diz: não é realmente mesmo bom isso de ter a atenção e o afeto de alguém? Sem ter que ter feito nada de especial em troca? Não é mesmo bom isso de alguém olhar pra você, conversar com você e simplesmente gostar de você porque você tem toda uma gama de defeitos e qualidades que te tornam único e essa é a razão desse alguém gostar de você? Porque você é único?
Porque você é único. Você pode achar o que quiser de você mesmo, e você pode se comparar a quem quer que você se compare, mas você é único e, por isso, só por isso, merece ser amado.
Não merecemos quase todos?
Beijo com gosto de chuva,
C.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Profícua


A poesia na pia da cozinha. O amor, ou a falta dele, é coisa cotidiana.

Ele me diz que tem o coração fechado e está doente da cabeça. Nisso a água ferve, porque eu preciso tomar mais chá pra tirar o gosto de sangue que não sai da minha boca.
É isso, então: vamos passar a chá de borboleta. Porque essa história de ficar comendo chocolate simplesmente não dá.
Eu imaginei. Entra aí. Senta. Toma um chá comigo. Nós não temos mais 17 anos. Isso não é bom nem ruim, apenas é. Nosso amigo faz cara feia, cai e levanta. Eu tento falar-lhe mas ele não me responde. Eu escuto música islandesa e sueca. Procuro alguém que também goste disso. Me diz: será que eu posso mesmo competir com a fantasia de olhos claros? Ou devo mesmo largar de mão o cabeludo? Porque ela não gosta de ti, sabe? Ela diz que tu me corta, e ela tem razão. E a outra disse que o limite foste tu a impor. Não eu. Nem queria impor, queria apenas limitar. Queria apenas dizer: não cruze essa linha, não chegue tão perto.
Partindo de um pressuposto que talvez seja pura pretensão minha, nós não gostamos de tanta proximidade assim, mas a desejamos, a desejamos muito.
E no meio de tudo isso: Lady Gaga é hermafrodita!!!!!! Vejam vocês... e aí me mandam isso por e-mail porque eu, de maneira bisonha, sou hermafrodita também, não é mesmo? Mas ele já tinha me dito que eu tinha esquecido como era ser homem, só porque eu disse que Rob Gordon é um idiota. Mas ele é mesmo. E o Ian também. Dois tremendos idiotas e eu ficaria com a namorada deles.
Eu olho, olho, olho pra essa foto e não consigo me decidir. De novo aquela coisa de saber o que eu não quero, mas não saber o que quero. Agora lembrei que tinha algo a acrescentar naquela lista do orkut! Sim, aos pouquinhos nós vamos indo. Aliás, eu vou indo. Tu eu já não sei. Mas assim, fica mais um pouquinho, eu tenho umas fotos e umas coisas pra te mostrar e quero que proves um alfajor.
Deve mesmo parecer ridículo eu dizer que sou chorona quando tem gente que acha que eu não choro, simplesmente não choro. Havia uma criança lá dentro daquela criança que foi afogada por algo de muito ruim. Ela vive na minha costela, mas eu sempre menti que era meu irmão gêmeo que tinha sido absorvido pelo meu corpo, já te contei essa história? É uma anedota pessoal.
Tu espera só um pouquinho? Vou ter que ir bater no síndico pro vizinho parar com essa música, senão nem conversamos direito. Come o alfajor aí, eu já volto.

Carta a Daniel 9


Querido Daniel,
percebi que nos escrevemos pouco. Ou seria muito e eu acho que é pouco? Ou?
Não sei. De qualquer forma parecia tanto tempo e nem era tanto assim. Eu poderia te contar toda a minha vida se estivesses disposto a ouvir. Desvendariamos um mistério juntos. Como em Amelie Poulin.
Eu vi umas fotos, eu pensei que posso te encontrar lá. Naquele mar. No vento. Na chuva. Naquelas pedras. Levarei algumas nos bolsos para marcar o caminho. E sempre voltar.
Eu pensei hoje que nesses filminhos românticos bobos as pessoas nunca têm conflitos reais. Os apaixonados sempre se batem por causa de incompatibilidades de personalidades, creio eu. Mas não lembro de grosserias... sinceramente, eu não posso mais suportar grosserias. É quase como se elas me queimassem a pele já queimada.
Ele sempre parte de um julgamento imediato e superficial. Tu já passaste por isso. Tu sabes como é. Eu preferia esse bosta a alguém que aparenta ser o que não é. Eu entendo o que quiseste dizer.
O problema mesmo é rir mais com um estranho do que com qualquer outra pessoa. Eu quis dar muitos socos hoje e já não consegui. Amoleço. Desapareço.
O problema mesmo é essa parcial incapacidade de dizer não. Não, não, não, não, não, não, simplesmente: NÃO. Só isso. Eu preciso do sal do mar. Da maresia. Pássaros e as ondas a bater na praia. Estou cada vez mais repetitiva, não?
Mas falar me invadiu de paz. Foi natural. Talvez não grandioso, mas natural. Pacífico. Sem arroubos nem agressões. Essa é uma carta de feliz aniversário. Porque eu adoro aniversários. E pro teu aniversário eu te desejo paz. Que teu coração se abra e que tuas horas deixem de ser vazias. Que tu consigas sorrir de novo de verdade. Que tu possas estar comigo naquela praia de pedras brancas. Que tu possas te sentir acolhido. Que tu possas sentir calor. Que a luz do dia te alegre. Que os sorrisos das pessoas te encantem. Que a música te toque. Que a beleza te acalme.
Um beijo com gosto de água salobra,
C.

domingo, 26 de julho de 2009

Música linda de tudo

She says "wake up, it's no use pretending"
I'll keep stealing, breathing her.
Birds are leaving over autumn's ending
One of us will die inside these arms
Eyes wide open, naked as we came
One will spread our ashes 'round the yard

She says "If I leave before you, darling
Don't you waste me in the ground"
I lay smiling like our sleeping children
One of us will die inside these arms
Eyes wide open, naked as we came
One will spread our ashes round the yard

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Carta a Daniel 8


Querido Daniel,
8 é um número mágico, do infinito. E o que me pega por dentro e me mastiga e me cospe é essa falta de possibilidade de pensar no infinito. E as bobagens que tenho feito, que nem com 15 anos de idade tinha feito. Os erros que eu cometi que vêm se esfregar na minha cara e esse frio por dentro e por fora, que não termina, não termina...
Porque eu não posso mais planejar? Porque eu não posso mais querer? Porque tanto vazio, tanto vazio, tanto vazio? E frio? O calor que me faz suar é ruim. Não é um calor de verdade, é de mentira. E acho que tens razão quando dizes que tenho a aparência enfermiça de um poeta romântico. Mas agora morro de falta de amor. Pálida. Fria. Triste.
Eu queria a árvore de natal, os presentes, a comida e os abraços quentes. Sorrisos. E só vejo tristeza no fundo dos meus próprios olhos. Há momentos em que o mundo se torna um lugar absolutamente horrível e poucas coisas salvam. Mas hoje ele disse pra mim que as pessoas nunca amaram tanto, e eu quis acreditar. Eu juro que quis acreditar, mas até agora acho que não acredito. Sinto como se fôssemos todos mendigos dormindo na rua nesse frio abissal. E, no entanto, poucos são os que se aproximam uns dos outros na tentativa de se aquecerem.
Eu vou guardar teus iogurtes na geladeira, prometo que eles não vão estragar. Todo dia acordo nauseada e hoje não foi diferente. Vontade de vomitar o mundo que durou o dia inteiro. Tentei me concentrar na comida. Tentei pensar que era realmente boa. Tentei dizer: amiga, não coma bobagens, esqueça disso, tu não precisas disso. Tentei dizer: amiga, é melhor que seja assim. Tentei dizer: amiga, cospe na cara dele e nunca mais lhe dê ouvidos. Tentei, tentei. O máximo que consegui foi consolar um choro que tinha muito motivo. Que era quase meu. Porque foi dia 23 e no dia 22 eu esqueci de cantar aquela música que eu um dia prometi cantar todo dia 22 por qualquer motivo que eu não lembro. Já não importa.
Ele me disse que eu sou uma pessoa ótima. Ontem eu ouvi que sou uma pessoa legal que vai achar alguém legal. Mas eu preciso de calor, carinho e futuro. Talvez nessa mesma ordem. Coisa que eu não sou capaz de dar. Futuro. Alguém? Alguém?
Talvez quando a gente não tem mais nada a perder, seja a hora de ganhar. Eu ainda desconfio. E vejo quanta gente escrota ainda pisa nesse mundo lindo. E os erros vêm e me sujam a face. Debocham de mim. E eu apenas observo.
Preocupei-me com a ausência e talvez não seja nada. Talvez eu me importe demais, seja legal demais. Ainda. Mesmo com todos as pedras que tomei no meio do caminho. Os tombos que levei. Não quero me vangloriar. E ele conhece uma nova eu. Essa pessoa que fica com ele, que eu não sei quem é. Será que tu gostarias de conhecê-la?
Amanhã vai ter sol e vai nevar. Ah, vai. Eu vou pra Etretat, te contei? É, eu vou. Olhar aquele mar por ti.
Um beijo salgado e frio,
C.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A night out

Cold night on 365project.org
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domingo, 19 de julho de 2009

My Tiny Vessels

Essa música me diz muito...

"Transatlanticism"

The Atlantic was born today and I'll tell you how...
The clouds above opened up and let it out.

I was standing on the surface of a perforated sphere
When the water filled every hole.
And thousands upon thousands made an ocean,
Making islands where no island should go.
Oh no.

Those people were overjoyed; they took to their boats.
I thought it less like a lake and more like a moat.
The rhythm of my footsteps crossing flatlands to your door have been silenced forever more.
The distance is quite simply much too far for me to row
It seems farther than ever before
Oh no.

I need you so much closer [x8]

[instrumental break]

I need you so much closer [x4]
So come on, come on [x4]

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Amor mudérrrrno

To be lost in the forest
To be cut adrift
You've been trying to reach me
You bought me a book
To be lost in the forest
To be cut adrift
I've been paid
I've been paid

Don't get offended
If I seem absent minded
Just keep telling me facts
And keep making me smile
Don't get offended
If I seem absent minded
I get tongue-tied
Baby, you've got to be more discerning
I've never known what's good for me
Baby, you've got to be more demanding
I will be yours

I'll pay for you anytime

You told me you wanted to eat up my sadness
Well jump on, enjoy, you can gorge away
You told me you wanted to eat up my sadness
Jump right
Baby, you've got to be more discerning
I've never known what's good for me
Baby, you've got to be more demanding
Jump left

What are you holding out for?
What's always in the way?
Why so damn absent-minded?
Why so scared of romance?

This modern love breaks me
This modern love wastes me

Do you wanna come over and kill some time?
Tell me facts, tell me facts, tell me facts
Tell me facts
Throw your arms around me

quarta-feira, 15 de julho de 2009

As fogueiras no verão


Era um hotel de madeira branca e velha, dois andares, com balcões. Areia fofa por todo lado, mas não se via o mar. Era uma construção voltada para si mesma, e a dicotomia do mundo apresentava-se em pessoas boas vestidas de branco e pessoas más vestidas de preto. Tu eras bom, estavas de branco. No mundo acordado tu és cinza, bom e mau. No fundo um perdido. Na superfície um arrogante escroto.
Minhas sapatilhas azuis não me serviam nos pés. Eram feitas de crochet e lindas. Se eu as calçava sem meias, de pés nus, ficavam grandes. Se colocava meias, ficavam pequenas. Mas eu custava a me convencer a desfazer-me delas: atrapalhavam meu caminhar naquela areia fofa, mas eram lindas. As mulheres usavam turbantes brancos na cabeça. Havia cachorros e pequenos insetos um tanto assustadores. Aquela nossa amiga me saudava com seu sorriso habitual: grande, cheio de dentes, mais do que bonito: sincero. Trazia flores nas mãos. Não sei onde íamos. Eu me aproximava de ti e me mostravas uma ferida em carne viva no teu braço. Era tão feia que eu quase acordei.
Depois quando estava de volta ao mundo desperto, eu entendi. Mesmo assim disseste que eu não te conheço, e isso é meia-verdade. Eu podia inventar baboseiras românticas, mas devo aceitar que é solitário viver sem Deus. E só.
Faltou a fogueira naquela festa onde não estiveste. Faltou a fogueira do luau na beira da praia onde não estive no ano que já quase termina.
Eu vi a fraqueza estampada no teu corpo de louva-deus. Te comeria a cabeça, sabes? Mas preferi te deixar dançando ao sabor do vento, quem sabe aonde ele te leva?
O meu vento, esse me leva ao outro lado do oceano, a um lugar amado por alguém que eu penso amar. Para ver o mar, para ver o mar. Jogarei flores naquele mar, que na verdade é esse mesmo mar daqui. A água salgada e fria há de curar todas as minhas feridas. A tua, não sei, talvez nunca te cures.
Havia um sorriso naquele olhar que só ele viu. Tu preferiste apagá-lo. Quão triste isso pode ser? Além do fato de que eu não chorei no dia que deveria ser o meu mais feliz? Será que tu choras?
Eu queria essa calda de caramelo que eu tinha e não tenho mais. Queria pegar aquele rosto nas mãos e besuntá-lo de doçura. Não haveria por quê chorar nesse mundo de colorido brilhante. Tu me fazes querer ficar aqui, e talvez as fogueiras se acendam por isso. Por eu perder a mania de planejar o futuro que não existe. Tu me fazes querer um abraço teu aqui e agora. E mesmo isso pode ser mentira.
Tu me mostraste as salas da tua vida, e eram todas frias. Que culpa tenho eu? Um coração, ainda que seja quebrável, é melhor do que nada. Eu ainda prefiro sentir. Eu dizia que preferia sentir, ainda que quebrasse a cara, o corpo, o próprio coração. Que se partisse em mil estilhaços, eu dizia, não importa, eu prefiro sentir. Que raio de amor era esse que eu pensava poder sentir?
Não há fogueira aqui dentro, mas ainda há uma pequena chama. Assopre e acenda-me de novo. Eu sei que nasci pra brilhar. E para aquecer. Não me deixe morrer.
Tu podias pensar o mesmo, mas preferiste as paredes caiadas de branco-cinza e frio. Frio. Frio. Porque a cama está vazia, foi o que disseste. A cama está vazia, a casa está vazia. Estamos vazios. Não pretendo ser vazia por mais muito tempo. Até lá, vou patinar no gelo e rir.
O verão vai chegar e com ele, as fogueiras. O verão vai chegar e eu não vou estar lá pra te ver derreter.