quinta-feira, 9 de agosto de 2012

1782


Em 1782 uma feminista britânica escreveu uma obra falando sobre os direitos das mulheres. Fazem "apenas" 230 anos. Muita coisa mudou e melhorou, claro, nesses últimos 230 anos. Mas me questiono se Mary Wollstonecraft estaria satisfeita com o rumo que as coisas tomaram. Sob certos aspectos, me parece que as mulheres de outrora eram mais politizadas do que as de hoje. Posso estar errada, claro. Pode ser exagero, quase certamente.

Mas ainda assim não me conformo com o surgimento de "musas" como as tais "mulheres-fruta", "ex-latinetes" e quetais. O que dizia Mary? Que as mulheres não eram inferiores aos homens, apenas pareciam ser, porque não recebiam educação. E educação é que é sempre o problema, né? Aliás, a falta de. Problema maior em nosso país e persistente. Incrivelmente persistente.

Provavelmente essa falta de educação que ainda permite que outras coisas persistam, como a desigualdade entre as pessoas (sexo, cor, religião, opção sexual...), violências etc. Triste, muito triste. 

No entanto, como boa otimista que sou, eu acho que o recrudescimento de propagandas de tv machistas e outras ações do gênero não passam do último suspiro do mouro. Tudo que está morrendo, luta para não morrer. Algumas pessoas vão lembrar de como foi quando surgiram o Código do Consumidor e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Choradeira, ranger de dentes, empresas que não queriam colocar data de vencimento em seus produtos, pais revoltados porque não podiam mais bater nos filhos... a coisa ainda está longe de ser perfeita mas, desde então, melhorou muito, e o básico dessas legislações vem sendo cumprido.

Penso que o mesmo está acontecendo agora com a implementação da Lei Maria da Penha: os últimos bastiões do machismo arraigado estão furiosos, mas eles também hão de ser vencidos. O importante é que as pessoas falem a respeito, debatam, saiam às ruas. A marcha das vadias, na minha opinião, é movimento importantíssimo de mudança, de fazer as pessoas pensarem. Porque o maior problema, também, e desde sempre é: as pessoas não pensam.

Otimista como sou, acredito que logo passem a pensar. Amén, oxalá, em nome de todas as mulheres que foram queimadas vivas literalmente e não literalmente em prol dos direitos não só das mulheres, mas pela igualdade de todos.