Sair do trabalho às 18:30, totalmente exausta, é sempre uma experiência sensorial. Hoje foi dia de justiça e de stress com a falta de noção, de educação, de bom senso, enfim, de tudo, das pessoas, especialmente esses servidores públicos. Tô aprendendo a ter verdadeiro ranço deles. A praça, o som alto e os gritos da professora da academia: "vamo lá, uhuuu!". Cheiro de mijo, cheiro de asa. Cheiro de milho verde com margarina. O canto dos pássaros. Cheiro de churrasquinho. Cheiro de pipoca. Cheiro de insenso. Cheiro de perfume. Prefiro não descrever a parte visual porque no centro só tem alienígenas, gente gorda, gente feia. Barulho de gente conversando, alguém toca uma música do Raul no violão e assobia. O shopping, a fila na lotérica pra jogar na megasena (eu já tinha jogado ao meio-dia). A fila dos caixas eletrônicos de banco. Carros. Cheiro de fritura e me deu vontade de comer bolinho de queijo. Cheiro de frutas. Escapamento de carro. Buzina. Uma mulher que caminhava atrás de mim e era toda barulho: os saltos dos sapatos, os brincos balançando, as contas do colar batendo umas nas outras, o tecido da calça fazendo barulho de uma perna roçar na outra, coisas numa sacola que se encontravam e produziam os mais variados sons. Eu, rezando pra que ela cruzasse a rua e deixasse de me perturbar com aquela existência totalmente ruidosa e insuportável. Um passarinho refugiado numa garagem e duas meninas tentando "resgatá-lo". Espelhos. Garrafas e mais garrafas de champagne. Eu querendo tomar uma inteira sozinha. Cheiro de cocô. Malditos esses donos de animais que deixam seus cachorros cagarem pela rua. Cheiro de pão, de doces, e de coisas gostosas. Um pedaço de torta fria de frango (já falei que amo isso???) de dois dedos de espessura, 3 empadinhas de frango, dois croissants de queijo, queijo, queijo, presunto. Só isso? Só. A bagatela de 12 reais no cartão de débito Visa. Eu cruzo a rua, pinguinhos de chuva no meu rosto e em mim. Cansaço total, fome, e uma sensação de derrota pelo dia de hoje, embora eu não saiba bem o que eu perdi (quem sabe foi algo que eu deixei de ganhar?). Árvore de Natal no saguão do prédio. Minha cara de acabada no espelho do elevador, olheiras lá nos joelhos (um deles roxo por causa de um joalhasso de pateta no carrinho mega pesado do escritório*), calcanhares mega doloridos porque foram comidos pelos calçados. Cheiro de casa limpa, a fada veio hoje. Olívia que me recepciona com miados. Como a torta fria com um copo de chá verde com abacaxi. Aqui estou. Logo me vou. Banho e cama. Hoje não tem pra ninguém. Boa noite.
9 comentários:
O asterisco é pra dizer que é um carrinho de carregar processos que foi feito por encomenda e pesa uma tonelada sem os processos, então imaginem com. Eu menti. Disse que hoje não tinha pra ninguém, mas fiquei de papo com o Nelson no msn.
sua adulta :D
Qto cheiro!!! Heheheeh, te puxou!!!
Cheiros são o que mais sinto no meu caminho pra casa. Eu geralmente abstraio o visual e experimento o resto. O visual já me é velho conhecido e muitas vezes me deprime.
Vou ter que assinar os comentários por aqui, o blogger lixo não tá mais mandando eles.
Centro de POA é sempre centro de POA. E não tem pra ninguém, só pros alienígenas!!!
Hei amei este relato.
Queria ser gente grande assim para escrever deste jeito.
Hahahahaha.
Este centrão..eu gosto...me faz me sentir parte de algo..apesar d enão morrer de amores por esta cidade. Estranho não? Interioranos amam POA.
Hahahahahaha.
beijos...
Humm torta fria..que delíciaaaa!
Vou fazer no natal..boa idéia...
Dfaxina
louca por cabelos....
Eu tb gosto do centro, apesar dos cheiros. O visual me diverte!!!!
Mas te puxou mesmo, amiga. Adorei.
Ah, o blogger-lixo não tá mandando os comentários mesmo. Como é isso de assinar os comentários?
Bjos
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