quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Leituras Alheias XII e Leituras Minhas


Outro dia vi o cobrador do bus lendo O Mistério do Trem Azul, de Agatha Christie. Adorei. Adoro ver pessoas lendo, muito mais livros velhos e amarelados, e de escritores que não estão (mais) na moda.

Continuo nas minhas leituras entrecortadas, mas eu me entedio muito fácil, por isso leio vários livros ao mesmo tempo. Pra mim é menos cansativo.


No meio dessas leituras, peguei Borges pra ler. Outras Inquisições, uma série de textos de uma inteligência soberba, absolutamente deliciosos de ler. Daqueles livros tão inteligentes que te deixam com um sorriso na cara. Não tem nada que me alegre mais do que inteligência (muito) bem usada, com aquela ironia fina que só quem é muito inteligente e culto tem. Pode parecer arrogante, mas pessoas simples também são inteligentes. Algumas, muito mais do que certos doutores por aí.

Só que estou falando de Borges, e dizê-lo inteligente chega a ser pleonasmo. O cara era, realmente, fodástico. E esse livro é daqueles que devem ser lidos. Saboreados. Fora que ele tem tantas referências que eu preciso anotar tudo para pesquisar. Porque dos autores que ele cita, só tenho familiaridade com Schopenhauer. De resto, conheço só o nome (e lendo esse livro eu dou graças aos céus por ter estudado, voluntariamente, 2 anos de Latim, porque nenhuma frase em Latim veio traduzida).

Mas se tu não sabes Latim, usa o Google Tradutor e lê. Vale a pena.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Incompleto... pra variar.



A cena era um espetáculo bizarro. Embora fosse verão, parecia-me que a água cristalina do mar era gélida em qualquer estação. No entanto, eles estavam lado a lado, submersos, pareciam golfinhos à espera. Os corpos suspensos dentro d'água, como se dormissem.
A cena era de todo surreal: aqueles corpos imersos na vastidão límpida do mar gelado, lado a lado. Na areia, os carros estacionados com os faróis acesos, virados de frente para o oceano, iluminando aquelas pessoas. Era como se fosse algum tipo de chamado, algum tipo de sinal.
Alguns dias antes os italianos gritavam "Ave Caesar" para aquele que seria o líder. Comíamos pizza e paramos de comer praticamente chocados com a estranheza da cena.
O próprio César não sabia o que fazer, apenas deu uma risada e logo foi seguido por todos, o que aumentou nosso sentimento de temor. Não sabíamos o que estava por vir,
mas a essa altura era claro que alguma coisa crescia no interior do mundo, algo como um pensamento que tomasse forma a partir das sombras e esperasse o momento certo para agir.
Durante aquela semana naquele país estranho, enquanto investigava com muita discrição o passado e a origem daquelas pessoas, meus sonhos à noite foram tornando-se cada vez mais estranhos e vívidos.
Tudo era muito colorido e marcante. Procurava anotá-los em detalhes assim que acordava, mantendo um caderno e uma caneta ao lado da cama, no bidê. Carregava as anotações comigo, mas perdia muito dos detalhes. Sabia que ninguém podia ter acesso àqueles escritos, tinha certeza de que, embora parecessem sem significado, aqueles sonhos e o que eu escrevia sobre eles continham mensagens que não podiam cair em mãos erradas. Quais eram as mãos erradas era o que eu estava tentando descobrir.
Desde a minha chegada há apenas 3 semanas tudo tinha mudado da água para o vinho. Eu via a transformação tomando conta de lugares e pessoas à minha volta. Aquela gente amistosa estava cada vez mais amistosa, demais, na verdade, e eu tentava entender o que acontecia. Tornava-se cada vez mais difícil circular pela cidade sem que alguém viesse estar comigo e querer me fazer companhia. Eu precisava investigar e para isso tinha de ter privacidade, coisa que andava em falta.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Urso

Dois perdidos numa noite suja.
Dizem que as memórias ficam cada vez mais descoloridas e borradas com o passar do tempo, mas esta fica cada vez mais nítida.
Mas não existe a rua, não existem os prédios, nem os carros, nem quem quer que seja que lá também estivesse. Só me lembro de você.
O que aconteceu ali, eu ainda não sei dizer. Só sei que fiquei imediatamente sem jeito. Pulso acelerado. Não quis te encarar.
Depois disso, naquela mesa, tudo que dizias era motivo de riso. O frio justificava meu nervoso.
E depois daquilo, nada. Só um vazio, uma distância, um desespero crescente.
Em tão pouco tempo foste encontro e despedida. Brilho no olhar e lágrimas a correr pelo rosto. Abraços, beijos e partidas.
Tudo de bom e de ruim que há em mim.
Eu não achava que essa coisa de almas gêmeas existia de verdade. Mentira. Eu achava, sim. E já tinha até achado a minha alma gêmea, que como boa irmã, não fala comigo.

Não penso que sejas minha alma gêmea. Ela é única, é aquela, ela não fala comigo, ela só pensa em mim. E eu penso nela. Mas aconteceu algo aquela noite que talvez tenha sido misterioso, para não dizer mágico. O desfecho não foi bom, foi tragicômico, um tanto mais para trágico. Não houve mortos, nem feridos. Foi como se uma bomba explodisse a uma distância segura o bastante para que ninguém se machucasse, mas saí completamente atordoada.

Ele gravou Jimi Hendrix num cd e me deu. Nós, prometidos um ao outro desde pequeninos. Nós, que não temos, nem tínhamos, nada em comum. Apenas a música.

Achei que tu fosses a música, o verso, o acorde de guitarra. Achei que eras meu muro, meu castelo, minha fortaleza. Não posso dizer, sequer, que foste uma desilusão. Não, apenas ilusão. A ilusão da vertigem, do vermelho, da noite. A ilusão que foi embora quando o dia amanheceu e sol brilhou.


WATERFALL
NOTHING CAN HARM ME AT ALL
MY WORRIES SEEM SO VERY SMALL
WITH MY WATERFALL

I CAN SEE MY RAINBOW CALLING ME YEAH
THROUGH THE MISTY BREEZE OF MY WATERFALL

SOME PEOPLE SAY DAY-DREAMING IS
FOR THE ALL THE LAZY MINDED FOOLS WITH NOTHING ELSE TO DO

SO LET THEM LAUGH LAUGH AT ME
SO JUST AS LONG AS I HAVE YOU TO SEE ME THROUGH
I HAVE NOTHING TO LOSE LONG AS I HAVE YOU

WATERFALL
DON'T EVER CHANGE YOUR WAYS
FALL WITH WE FOR A MILLION DAYS
OH MY WATERFALL

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tsunami


A ilha era praticamente apenas uma casa, uma casa de madeira pintada de branco, em estilo colonial. Uma casa dessas que devem existir em lugares como as Bahamas. No pátio havia um viveiro de pássaros que mais parecia uma estrebaria. Havia um pássaro apenas, grande, de penas azuis, um pássaro que talvez exista e eu não sei qual é.
Do outro lado da casa havia um pier e um TGI Fridays (não pergunte). Estávamos nesse restaurante, que estava lotado, conversando sobre como as pessoas aproveitam pouco a vida e desperdiçam momentos comendo fast food, em vez de apreciarem comida de verdade. Então a onda gigante veio e varreu a ilha. Aí percebi que estávamos num arquipélago de pequenas ilhas e todas foram varridas pelas ondas gigantes (foram 2). Corremos para o viveiro, para ver se o pássaro estava bem. A onda caiu em cima da ilha e desapareu, deixando tudo encharcado e meio alagado.
O pier sumiu, junto com o TGI Fridays, sobrando apenas a casa, o viveiro e umas poucas árvores. O pássaro estava molhado e parecia muito triste e assustado.
Então entrou voando pela porta do viveiro um enorme e coloridíssimo tucano, procurando proteção.
Depois veio outra onda e depositou entulhos sobre a casa, que virou um prédio de concreto feito de entulhos. Então a parte original da casa, térrea, ganhou paredes grossas de pedra e tornou-se uma espécie de catacumba de igreja.
As pessoas das ilhas vizinhas migraram para essa ilha, que era a menos inundada. Dentre elas havia um messias, um homem mulato claro, que era uma mistura de Marcos Frota com Ben Harper (again: não pergunte).
E havia um padre. E o padre ia mostrar a esse messias os segredos de Deus. Estavam todos escritos num papiro, em latim. E o messias lia aquilo, era preso e seria enforcado no dia seguinte. E eu não entendia a razão daquilo e queria convocar as pessoas a protestarem, mas todos pareciam satisfeitos.
E no outro dia, de um sol radiante, o carrasco, que era o Javier Barden, vinha fazendo o sinal da cruz e rezando para que Deus lhe permitisse enforcar o messias (já era a terceira vez que iam enforcá-lo).
Enquanto isso, eu percorria as catacumbas atrás do manuscrito de Deus. Quando o encontrei, ele tinha palavras riscadas de preto, impossível de lê-las. O que sobrou do texto não fazia muito sentido e eu tinha ainda de traduzir. E o padre estava no meu encalço.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Something to think about...


I was shooting a scene in my new film, No Strings Attached, in which I say to Natalie Portman:
“If you miss me. you can’t text, you can’t email, you can’t post it on my Facebook wall. If you really miss me, you come and see me.”
I began to think of all of the billions of intimate exchanges sent daily via fingers and screens, bouncing between satellites and servers. With all this texting, emailing, and social networking, I started wondering, are we all becoming so in touch with one another that we are in danger of losing touch?
It used to be that boy met girl and they exchanged phone numbers. Anticipation built. They imagined the entire relationship before a call ever happened. The phone rang. Hearts pounded. “Hello?” Followed by a conversation that lasted two hours but felt like two minutes and would be examined with friends for two weeks. If all went well, a date was arranged. That was then.
Now we exchange numbers but text instead of calling because it mitigates the risks of early failure and eliminates those deafening moments of silence. Now anticipation builds. Bdoop. “It was NICE meeting u” Both sides overanalyze every word. We talk to a friend, an impromptu Cyrano: “He wrote nice in all caps. What does that mean? What do I write back?” Then we write a response and delete it 10 times before sending a message that will appear 2 care, but not 2 much. If all goes well, a date will be arranged.
Whether you like it or not, the digital age has produced a new format for modern romance, and natural selection may be favoring the quick-thumbed quip peddler over the confident, ice-breaking alpha male. Or maybe we are hiding behind the cloak of digital text and spell-check to present superior versions of ourselves while using these less intimate forms of communication to accelerate the courting process. So what’s it really good for?
There is some argument about who actually invented text messaging, but I think it’s safe to say it was a man. Multiple studies have shown that the average man uses about half as many words per day as women, thus text messaging. It eliminates hellos and goodbyes and cuts right to the chase. Now, if that’s not male behavior, I don’t know what is. It’s also great for passing notes. there is something fun about sharing secrets with your date while in the company of others. think of texting as a modern whisper in your lover’s car.
Sending sweet nothings on Twitter or Facebook is also fun. in some ways, it’s no different than sending flowers to the office: You are declaring your love for everyone to see. Who doesn’t like to be publicly adored. Just remember that what you post is out there and there’s some stuff you can’t un-see. But the reality is that we communicate with every part of our being, and there are times when we must use it all. When someone needs us, he or she needs all of us. There’s no text that can replace a loving touch when someone we love is hurting.
We haven’t lost romance in the digital age, but we may be neglecting it. In doing so, antiquated art forms are taking on new importance. The power of a hand-written letter is greater than ever. It’s personal and deliberate means more than an email or text ever will. It has a unique scent. It requires deciphering. But, most important, it’s flawed There are errors in handwriting, punctuation, grammar, and spelling that show our vulnerability. And vulnerability is the essence of romance. It’s the art of being uncalculated, the willingness to look foolish, the courage to say,
“This is me, and I’m interested in you enough to show you my flaws with the hope that you may embrace me for all that I am but, more importantly, all that I am not.”
Ashton Kutcher