quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Cotídio

Estava eu na Saraiva do Moinhos Shopping quando ouço o seguinte diálogo:

- Ai, Alexa Chung, athóron! (disse a mocinha olhando pra capa da Vogue americana)
- Quem? (perguntou a amiga)
- Alexa Chung, tu não conhece?!?
- Não, quem é? (fazendo cara de "Oh, meu Deus, como eu posso ser tão por fora??)
- O que ela faz?
- Ahn, elahn... tipow... ah, ela não faz nada, sabe? É, ahn, tipow... socialaitchi... MAS ELA SE VESTE MUITO BEM! AMO!

Depois de ouvir isso, eu concluo que o mundo, realmente, tá perdido.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Havia um planetinha...

As unhas eram flúor, no cair da tarde, os pés e a cama, as unhas, e a pele, era tudo da mesma cor. Um rubro de pêssego que evocava sexo. Mas não algo bruto, uma coisa mais sensual, porque era preciso explorar aquela pele, aquela cor, aquela textura, aquele cheiro.
Ele achava que ela não percebia que o amor estava no toque dos pés, e no corpo que insistia em virar durante a noite para o lado que ela virasse. Ele achava que ela não percebia as muitas palavras que ele trazia no olhar e nunca tinha coragem suficiente para dizê-las. Ela achava que ele achava tudo isso. E o silêncio ficava no meio, mas havia o toque, e os dedos entrelaçados.
Ela dizia que não: não quero ouvir essa música, não quero ver esse filme. Ele não entendia que para agradar era fácil, era só não tentar tanto. Que ele devia prestar atenção nas esquinas, de onde a alma dela sorria e piscava o olho de jeito maroto.
Está tudo nos pormenores, nos segredos, nos olhares, na ponta dos dedos, nos fios de cabelo. Não há espaço para brutalidade, qualquer que seja a sua forma. Não há espaço para que algo seja forçado.
Ela queria dançar, dançar como uma folha ao vento. Para isso é preciso leveza. Leveza, e ele afundava cada vez mais nos cabelos dela, e os braços dele cada vez a aprisionavam mais... Para segurar areia nas mãos é preciso tê-las semi-abertas, assim o vento não leva a areia, e ela também não escorre entre os dedos.
Ela não saberia dizer se há mesmo uma coisa de "seu tempo, meu tempo". Há o tempo. Ele passa para todos. Assim é.
Ela saiu correndo sem correr. Ela olhou para trás e virou estátua de sal. Duas vezes. O sal derreteu com a umidade, depois veio o sol e o vento, secou, voou. Choveu, virou água do mar. Não vai mais voltar. Se não há o agora, não há o depois, o que há de tão difícil nisso?
Porque a rosa estava lá. Estava no beijo que devia durar mais e na carícia que devia ser mais suave. Estava lá, para onde foi?

Carta a Daniel 18

Querido Daniel,
eu senti saudades de ti. Dos teus pés. Daquela sala à meia luz e do silêncio. Da brisa morna da tarde. Da falta de expectativa, do sanduíche, do queijo.
Daquilo que seria. Senti saudades. Daquilo que seria.
"Se a gente continuar vai doer?"
"Vai."
Pois eu não sei de nada. Meu estômago queima.
Eu fiquei ouvindo todas aquelas músicas que só gosto de ouvir sozinha. Porque existem certas coisas incompartilháveis. Não as músicas em si, mas o que elas evocam. Acho que entendes.
Talvez eu devesse mesmo cruzar o oceano. Acreditar que existem príncipes. Mas na verdade, se ele fosse mesmo um príncipe, ele viria, ele atravessaria todo o mar para me encontrar.
Muitas coisas não fazem o menor sentido. E as que fazem, também não me dizem muito.
Mas eu consegui admitir certas coisas e isso foi, de alguma maneira, um tanto libertador. Não o bastante para me libertar da tristeza. Eu não sei nada de ti, eu não sei nada de ti. Só sei que as promessas quase nunca são cumpridas e todo o resto é ilusão. O problema é que, mesmo quando percebemos a ilusão, não conseguimos tomar nenhuma atitude concreta com relação a ela. Limbo.
Eu soltei o meu cabelo e tu não viste como ficou bonito. Eu sorri e tu não viste como foi sincero. Eu bebi, porque é mais fácil beber. Não se pode ter o melhor de dois mundos; às vezes, sequer se pode ter o melhor de um mundo só.
Depois a realidade virá galopante, baterá na tua porta, tu não saberás o que dizer mas não terás como impedi-la de entrar. Ela vai entrar, ela vai derrubar as paredes, ela vai derrubar tudo e terás de começar com uma pedra e depois outra, até teres teu castelo outra vez.
Eu vou morar na torre encantada, e quando meu cabelo estiver comprido o bastante, jogarei minhas tranças pela janela, à espera de um princípe que suba por elas e me tire de lá. Ou então uma verruga, na ponta do nariz, que atirada ao chão fará dele surgir uma escada. 
Um beijo com gosto de lima,
C.



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Samba, suor e lágrimas?

É, ele tem razão, melhor carnaval ever! Silêncio, chuva e comida boa. Tô me superando. Eu tô lendo Julie & Julia (e ontem me dei conta de que estou lendo os livros do Desafio Literário fora da ordem, mas... whatever) e ontem, na parte onde estou, ela falou de uma omelete gratinada. Não tem a receita no livro, mas resolvi inventar e Oh! Lord!, ficou ALGO de muito bom. E muito gordo também: azeite de oliva, manteiga Aviação, 6 ovos e muito, muito queijo, além de creme de leite. Confesso que eu não era muito fã de creme de leite até fazer essa omelete. Nossa, ficou realmente muito bom.
A Julie é realmente muito engraçada, eu morro de rir em algumas partes, o livro não tem mesmo nada a ver com o filme. No filme ela é bobinha demais, doce demais. No livro ela é neurótica, exagerada e muito engraçada. Super me identifico. Li uma entrevista com ela na Marie Claire, acho que de dezembro de 2009, onde ela fala sobre o outro livro que ela escreveu, no qual ela conta sobre o período em que esteve separada do marido porque ela meteu umas guampas nele e resolveu ir morar no interior e virar açougueira. Isso mesmo: açougueira. Eu admiro essa mulher porque ela é assim: super sincera. Tô louca pra ler esse outro livro, que se chama "Cleaving: a Story of Marriage, Meat, and Obsession" e ainda não tem tradução para o português.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Hello, stranger!

Quem é você que está lendo todos os meus arquivos?

Eureka!

Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo.
 
Vou pintar o 7 para ver qual é.
É, eu tive uma ontem. No meio de um discurso meu que já tá meio gasto. Mas é isso, né? Tu repete, repete, repete até que tu mesma se convence. E estar convencida é uma coisa mesmo poderosa. É tudo uma questão de postura mental. Já falei o quanto eu odeio pessoas pessimistas?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Calor, cerveja e livros.

No findi passado fugi para o litoral gaúcho para não experimentar a tal sensação térmica de 51 graus anunciada para Porto Alegre. Na sexta, eu e minha hermanita fomos no Barra Shopping. Ela também é rata de livraria como eu, e acabamos comprando uns livros. Ela, livros de autores brasileiros. Eu, acabei comprando por R$14,90, um livro de uma autora francesa, na tradução para o inglês. Chama-se Bonjour Tristesse, de Françoise Sagan. O livro é pequeno e gostoso de ler. A autora tinha só 17 anos quando o escreveu e é a história de uma garota, também de 17 anos, que num verão na Riviera Francesa (ah! que inveja!) descobre o sexo, descobre também que sexo e amor não são a mesma coisa, e que ela pode ser má, muito má. Trata-se de Cécile, uma menina que estudava num colégio de freiras até ir morar com o pai, um bon vivant. Eles levam uma vida frívola, de festas e diversões, sem maiores responsabilidades. Ela tem 17 anos, mas fuma e bebe sem parar. O pai aluga uma casa no litoral francês, para onde vai também uma de suas "amigas". Lá Cécile vive dias de sol e mar, sem qualquer responsabilidade ou preocupação, até conhecer um jovem por quem ela pensa se apaixonar e até a chegada de Ane, uma amiga de sua falecida mãe.
O livro é bem interessante porque mostra um pouco do que era o jeito francês de levar a vida naquela época, a trama é simples, mas o livro é muito bem escrito e tem um senso de humor refinado. 
Virou um filme francês e lendo o livro eu pensei que daria mesmo um bom filme. Recomendo muito.
Agora estou lendo Julie & Julia, e o livro é tão, mas tão diferente do filme! Nossa, completamente diferente e muito melhor. Quase chorei de rir com uma passagem hoje, sobre os gatos (sim, a autora tinha 3 gatos, e não apenas um, como aparece no filme). Continuo lendo, também, Mulheres que Correm com os Lobos e estou achando genial. Acho que todo mundo deveria ler, homens e mulheres, porque ele é muito esclarecedor.
Fora isso, algumas coisas bem tristes que aconteceram, outras nem tanto, e a gente aprende que a vida é muito curta para perdermos tempo com bobagens.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

I was alone, over the edge...

Como saber se valeu a pena? E não pensar que não valeu? Mas não valeu, afinal de contas? Porque você pode fazer todas essas coisas que você fez, e ir aos lugares que foi, e ver as coisas que viu, ouvir o que ouviu, sentir o que sentiu? Consegue olhar para trás e sentir arrependimento? Faria tudo diferente? Cada experiência é única, quem a experimenta também o é. Não achas que o sofrimento que teve foi necessário para tornar-se quem se é? 
Eu não posso sentir tua dor, tu não podes sentir a minha, isso significa que não sofremos?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

I'm talking pedicure on my toes, toes...


Eu me pus brilhante. Eram 5 da manhã. Eu tremia dos pés à cabeça e delirei. Criei os diálogos mais bem escritos de todos os tempos. Eles falavam de vida, falavam de morte. Eu tentei dormir. Eu tive sonhos coloridos. Eu tive sonhos doloridos. Eu acordei confusa e cansada. Eram brilhantes, simplesmente brilhantes aqueles diálogos que me esvaíram pelos dedos conforme eu recobrava a consciência. Conforme eu encarava a realidade de todos aqueles fatos. E as cartas, e tudo o que havia nelas. Sim, o caixão, a morte, estava tudo ali. De algum jeito eu já sabia e apenas fingi não saber naquele arrepio. Mas havia outras coisas que me tranquilizaram. E houve também aqueles números: 4-54. 4-54. 4-54. E a certeza de que alguém morreu na hora certa.
Dentro de mim, ainda existem coisas a matar. Todas as noites tenho sonhos perturbadores, exaustivos. São os monstros que vêm à tona.
Janeiro de 2010: 31 dias. 31 dias que dariam um livro de muitas, muitas páginas. 31 dias de altos e baixos, de reviravoltas, de tramas intrincadas, de morte e de vida, de descobertas e de lágrimas. Sorrisos, abraços, beijos, despedidas, chegadas, tragédias, romance, comédia.
Um mês, apenas um mês. Um mês que é apenas o primeiro de mais 11 que vêm por aí. O que eu quero do futuro resume-se em: dinheiro, Paris, este amor, felicidade compartilhada, casa nova, manhã de sol, um cachorro, um carro, Nova York, São Paulo. Não necessariamente nesta ordem. Mas tudo junto. Em 2010.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Hablamos


Fevereiro de castellano. Minha meia-irmã está me visitando e não fala português. Mas é bom, assim eu pratico. O foda é que vou engordar, certo, já que ela trouxe um monte de alfajores. Dieta já!!
Tem sido bem divertido, até pintar um quadro pintei e vimos Todo sobre mi Madre e o Abrazos Partidos. Confesso que não gostei de Abraços Partidos, me pareceu um filme só para promover (ainda mais) a Penélope Cruz, tem pontas soltas, não é drama nem comédia, fraco.
Quero ainda ver o Sherlock e também Amor sem Escalas. 
Fomos no Iberê Camargo no sábado e eles fecham às 19hs, dá pra acreditar? Aquele sol a pino, e o museu fechado. E aí, sei lá por qual razão, nas quintas abrem até às 21hs! Coisas que só acontecem por aqui, acho eu.
Coisas ruins acontecendo, mas também coisas boas. E como dizia a minha ex-cunhada: família só é bonito em portarretrato (agora é assim? sem o hífen?).
Domingo tiramos foto no lambe-lambe, muito legal. Algumas ficaram bem fantasmagóricas, mas outras ficaram ótimas, coisa de antigamente.
E o meu formspring tá tão bonitinho com o pequeno laranja mecânica. Perguntem-me, perguntem-me.
Ah, e quase esqueço que agora o Tie Dye Poa é PONTO-COM-PONTO-BR! :)